A movimentação começou discreta, como quem ainda teme despertar a desconfiança de um mundo que não compreenderia. No meio da tarde de sábado, João chegou à porta da casa do filho com uma mala de rodinhas e uma caixa de papelão com livros antigos. Um novo recomeço não exige muito — só coragem.
Alicia o esperava na varanda, vestida com um vestido leve, Pietro em um canguru preso ao peito. Roberto apareceu pouco depois, de camiseta preta e sorriso leve. Um sorriso que escondia a inquietação por trás dos olhos.
— Bem-vindo, pai. — disse Roberto.
João desceu do carro com um sorriso sincero e cansado.
— Obrigado, filho. Obrigado… vocês.
Alicia assentiu com um gesto tímido. Seu coração batia descompassado, como se tudo aquilo ainda fosse parte de um sonho estranho demais para ser real. Mas era. Ali estava ele, o homem que também era pai do seu marido e avô do seu filho… e que, em algum nível, ainda fazia sua pele arrepiar com um simples olhar.
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A primeira noite foi estranha, silenciosa de