Caíque
Chego à porta da casa dos meus pais. Aqui nunca foi um lugar onde eu me sentia seguro, mas, naquele momento, estava ainda pior. Eu prometi que não voltava mais, mas como seguir em frente sem resolver essa questão da minha vida.
Minha mãe nunca foi alguém acolhedora, que se esforçasse em entender as emoções alheias. Ela sempre foi direta e exigia que todos seguissem suas vontades. Era fácil saber o que ela estava pensando só de olhar para o rosto dela. Ela não se preocupava em esconder nada, doa a quem doer.
Eu sabia que ela não gostava da Mayara. Tentei mudar isso, mas agora que sei a verdade, fico sem palavras de quão longe ela foi para fazer as suas vontades.
Perturbado, entro na casa e a procuro. Ela está na cozinha, mexendo em algo no fogão. O cheiro de comida invadiu minhas narinas, mas o que senti foi um gosto amargo, como se algo dentro de mim tivesse azedado. Ela parecia calma demais, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo, como se estivesse esperando pelo