Caíque
Meus pais sempre souberam como me pressionar. Mas dessa vez, não é sobre carreira, dinheiro ou a crise que enfrentamos. Mayara falou mais cedo sobre como o assunto chegaria até eles, mas não esperei que seria tão cedo.
Estou sentado à mesa da cozinha desde que cheguei, por estar comendo um pão e tomando café, não me apressei em levantar quando os dois chegaram da rua, não querendo chamar atenção.
Eu deveria estranhar quando os dois vieram me fazer companhia, não era o habitual. Ao menos, não agora que sou adulto. Fingi não estar pensando sobre os motivos deles estarem aqui, como se estivessem de olho na sua presa. Foi quando o meu pai não continuou sua cena, fechando o jornal e me encarando com aquele olhar avaliador. Minha mãe está ao lado dele, mexendo a colher dentro da xícara de chá, mas a expressão no rosto dela é tensa.
— O que estão dizendo por aí é verdade? — meu pai pergunta, sem rodeios. — Você voltou para Mayara?
Respiro fundo, sabendo que essa conversa seria inevitáv