Aquele desenho ficou na mesa o resto da manhã: três figuras de mãos dadas, traços tortos e um sol enorme quase saindo do papel. Lia não conseguia parar de olhar para ele. Era simples, infantil… e perigoso.
Na mente de Aria, eles já pertenciam uns aos outros.
E isso deixava o coração de Lia dividido entre calor e medo.
Aria passou o dia mais falante — não frases completas, mas palavras soltas, sons novos, pequenas tentativas de entrar em um mundo que antes a assustava demais. Lia comemorava cada sílaba suavemente, sem exagero, sem pressão. A menina respondia com sorrisos tímidos, com dedos segurando firme suas mãos, com pequenos passos que pareciam enormes.
Era uma vitória silenciosa.
Mas a verdadeira tensão se acumulava em outro lugar da casa.
Em Dominic.
No meio da tarde, enquanto Aria tirava uma soneca, Lia desceu para a cozinha pegar um lanche leve. Estava cortando morangos quando sentiu — antes mesmo de ouvi-lo — que Dominic estava atrás dela.
A presença dele tinha um peso. Um cal