Não quero que me reduzam a notícia de jornal.
Meredite
Quando o telefone tocou, eu estava no sofá, a taça de rosé encostada na mesinha. O sol de Santorini parecia mais falso do que nunca, como se tivesse pintado só para enganar quem passava por ali. Do outro lado da linha, a voz do meu secretário — tensa, curta — disse algo que fez meu estômago virar pedra: a polícia estava procurando por mim. Procurando. Procurando.
Por um segundo, aquele ruído de fundo pareceu distante, como se alguém tivesse apertado o botão do volume da vida. Eu senti o ar faltar, não por medo — medo era um sentimento menor e inútil — mas por fúria. Uma fúria grossa, quente. Como se tudo que eu tinha construído, cuidadosamente, com paciência e estratégia, estivesse virando pó por obra de incompetência alheia. A raiva cresceu devagar até virar um fogo que eu não conseguia mais esconder.
— Prepara o jatinho. — falei, curto, sem me levantar.
Ele gaguejou, tentou nomear o problema, falar da imprensa, da polícia, de possíveis mandados. Eu não queria ouvir desculpa