O sol despontava lentamente sobre as montanhas, tingindo o céu com tons de rosa, dourado e azul suave. A brisa fria da manhã entrava pela fresta entreaberta da janela da cabana, trazendo o cheiro da terra úmida e do pinho. Dentro do quarto, Eveline acordou com os olhos ainda pesados de sono, o corpo relaxado e um calor reconfortante à sua volta.
Marcus ainda dormia ao seu lado, uma das mãos pousada em sua cintura, o rosto calmo, os cabelos levemente bagunçados sobre o travesseiro. Eveline o observou por um tempo, sentindo uma paz que há muito não conhecia. A noite anterior ainda pulsava em sua pele, em seus pensamentos, em seu coração.
Ela se levantou devagar, vestiu o robe de algodão que estava pendurado na poltrona e caminhou até a janela. A vista da montanha era de tirar o fôlego. Sentiu-se pequena e grata. Ali, naquele lugar afastado de tudo, ela podia respirar sem culpa.
Marcus acordou minutos depois e veio por trás dela, abraçando-a pela cintura.
— Bom dia, meu amor — sussurrou, beijando seu ombro.
Ela se encostou nele, sorrindo.
— Bom dia. Dormiu bem?
— Melhor noite da minha vida. E você?
Ela assentiu.
— Como se meu corpo e minha alma tivessem voltado pra casa.
Os dois ficaram em silêncio por um instante, apenas observando a paisagem, sentindo um ao outro. A paz era tanta que nenhum deles queria quebrar aquele momento.
— Me deixa te levar pra tomar café — disse ele. — Minha mãe já deve estar preparando tudo. E eu tenho certeza de que Gabriel acordou faminto.
Eveline riu.
— Então vamos antes que ele coloque a cabana abaixo.
Juntos, se arrumaram e desceram até a outra cabana onde os pais de Marcus estavam hospedados. A mesa de café já estava posta: pães frescos, frutas cortadas, geleias caseiras, café fumegante e bolos que exalavam um aroma irresistível. Gabriel estava no colo de Helena, que o ninava com um sorrisinho de puro encantamento.
— Olha quem chegou! — exclamou ela ao ver o casal. — O pequeno já tomou o primeiro mamazinho do dia, mas acho que está querendo o segundo.
Eveline foi até ela, pegou o filho nos braços e o beijou na testa.
— Meu amorzinho acordou cheio de energia...
Eduardo aproximou-se com um sorriso gentil.
— Eveline, é muito bom te ver aqui. De volta. Com a família completa.
Helena segurou sua mão com carinho.
— Sempre sentimos sua falta. E agora, ver você aqui de novo... é como se tudo estivesse se encaixando.
Eveline emocionou-se com a acolhida. Sabia que aquele carinho era real, construído com o tempo, com cada gesto que viveram juntos.
Sentaram-se à mesa, rindo, trocando histórias, falando sobre os primeiros dias de Gabriel e sobre os planos para o futuro. Marcus não tirava os olhos dela, nem do filho. Estava completo. Pela primeira vez em muito tempo.
Após o café, saíram para um passeio leve pelos arredores da cabana. Gabriel, acomodado no canguru preso ao peito de Marcus, observava tudo com olhos curiosos. Eveline segurava a mão do pai de seu filho, sentindo que ali estava o início de uma nova história.
— Esse lugar tem algo mágico, não tem? — disse ela.
— Tem. Mas não é o lugar. É você. Onde você está, é onde a mágica acontece.
Ela sorriu, e por um instante, quis congelar aquele momento para sempre.
No fim da tarde, com o sol se pondo mais uma vez em tons dourados, Marcus levou Eveline até um ponto alto da trilha. Haviam deixado Gabriel com os avós, bem alimentado e cercado de cuidado. Ali, no topo da montanha, sentaram-se sobre uma manta, envoltos por um silêncio tranquilo e pelo som do vento entre as árvores.
Marcus olhou para ela, os olhos intensos.
— Eve... eu preciso te perguntar isso com o coração em paz e cheio de esperança: Você vai aceitar meu pedido de casamento de verdade ? Você vai voltar para nossa casa, pro nosso lar? Pra ser minha mulher de novo, não só a mãe do meu filho, mas a minha parceira, meu amor, meu futuro?
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, o coração acelerado, os olhos marejados.
— Eu não quero mais ficar longe de você. Nem por um dia. Nem por uma noite. Eu volto. Volto pra você, pro nosso lar, eu tambem desejo ter de volta a minha familia reunida completa.
— Eu quero, Marcus. Quero voltar, para tudo o que deixamos pra trás. Acho que nunca fomos tão sinceros e maduros quanto somos agora. E eu não quero mais perder um dia sequer longe de você.
Ele sorriu com alívio, puxando-a para mais perto.
— Então vamos planejar tudo, sem mais esperas. Voltamos juntos para mansão Avelar amanhã. A gente prepara as malas, conversa com todos. E começa de novo... dessa vez como uma familia completa.
Eveline riu, emocionada.
Marcus sorriu e a abraçou forte. O beijo que se seguiu foi demorado, cheio de promessa.
Naquele fim de semana, entre montanhas, silêncios e reencontros, Eveline e Marcus encontraram algo precioso:
O caminho de volta um para o outro.
Enquanto observavam o fim do pôr do sol, a noite tomava conta do céu lentamente, Eveline e Marcus permaneceram abraçados sobre a manta estendida na clareira. O momento de serenidade trazia um calor silencioso entre eles, um laço ainda mais forte do que o corpo podia sentir.
Marcus, com os dedos entrelaçados aos de Eveline, olhou para ela com firmeza e doçura nos olhos.
— Marcus, eu também preciso te dizer uma coisa. Sobre o Daniel... ele e Clara estão juntos agora. Aconteceu tudo de forma natural. E eu estou feliz por ele. De verdade. Daniel merece alguém que o ame por inteiro, como ele sempre amou.
Marcus assentiu com compreensão.
— Clara é uma mulher maravilhosa. Eles formam um belo casal. E eu fico muito aliviado que ele nao tem mas interesse na minha mulher, eu preciso confessar amor eu morria de ciumes daquele Medico, serio eu não conseguia pensar nele tocando voce amor, eu estou muito feliz que Clara e ele estejão se dando muito bem, Ufas que alivio.
Eveline riu sem parar com a confisao de Marcus.
—Seu bobo. Eu te amo.
— Só quero que todos tenham o que merecem. Daniel foi essencial na minha jornada. Mas você... você é o amor da minha vida.
Ela pausou por um instante.
— Lucas e Beatriz vão sempre ser parte da minha vida, Marcus. Eles me veem como mãe, e eu não quero perder esse vínculo.
— E você não vai perder — respondeu ele, com firmeza. — Eu sei o quanto você ama aqueles pequenos. E sei que eles te amam do mesmo jeito. Nada vai mudar isso. A gente vai ser uma família do nosso jeito... com Gabriel, com eles, com todo mundo que nos ama.
Eveline sentiu os olhos marejarem de emoção. O futuro parecia mais claro agora. Mais real.
Ali, no alto da montanha, sob a luz suave da noite e o canto dos grilos, os dois se abraçaram com força.
Prontos para começar, de novo. Mas dessa vez... para sempre.