Lá dentro, o aroma suave de chá verde com flores e o cheiro sutil de mochi recém-feito pareciam abraçar quem entrava. Os móveis eram baixos, de madeira clara, com almofadas finas nas cadeiras, e algumas mesas tradicionais no estilo japonês, onde se sentava ao chão. O som ambiente era leve, apenas um koto tocando ao fundo, e as paredes tinham quadros delicados pintados à mão, retratando tigres, flores e cenas do interior do Japão.Era impossível não se sentir transportado para um outro tempo, uma outra vida. E foi isso que atingiu Damian como um soco no estômago.Ele se lembrou das tardes em que vinha ali com sua mãe, e do jeito como ela sorria ao pedir um dorayaki para ele e um chawanmushi para o avô. Ali, ele não precisava fingir ser alguém que não era. Podia ser apenas um menino com a mãe e o avô, sentado no canto favorito deles — aquele, perto da janela, com vista para o pequeno jardim de pedras.Ao pensar em confortar alguém, imediatamente Damian lembrou daquele lugar. Rodney não
Isso fez Lauren despertar de vez, os sentidos em alerta. Ela limpou a garganta, tentando manter a compostura, mas Damian não a soltou. O calor dele a envolvia como um lembrete incômodo — ou delicioso — de tudo o que dividiam, mesmo que ela insistisse em negar.— Senhor Lancaster!A voz dela soou firme, mas um tanto esganiçada pela surpresa. Damian, no entanto, inclinou-se ainda mais, como se aquilo fosse uma provocação irresistível.— Não foi assim que você me chamou no carro. — Ele sussurrou, a voz grave e aveludada, tão próxima que o hálito quente roçou a pele dela. Um arrepio percorreu a espinha de Lauren, tão intenso quanto inesperado.Ela disfarçou o impacto com um tapa leve no ombro dele, mas a mão tremia.— Na frente do Oliver, não! — murmurou entre os dentes, numa tentativa de conter a avalanche de sensações.Damian soltou uma risada baixa, rouca — daquele tipo perigoso que ele reservava para momentos íntimos, quando o mundo inteiro parecia se calar entre os corpos deles. O so
Como diabos aquela mulher tinha chegado até ali? Ninguém a viu? A questão foi que Marissa entrou quando viu que todos estavam distraídos. Ela olhou bem para o menino na mesa com Damian e René e o coração dela apertou. Do lado de Damian, quem diria que não era filho dele? O menino parecia uma maldita cópia! Ela inspirou fundo e aguardou. Ela não sabia se teria a oportunidade, e quando esta surgiu, Marissa não pensou duas vezes e foi atrás de René, no banheiro. Ela entrou com cuidado, esgueirando-se e agradeceu pelo lugar não ser tão movimentado a ponto de ter sempre gente pelos banheiros. Quando René saiu da cabine, Marissa a esperava, com os braços cruzados e um sorriso triunfante. — Não vim atrás de briga, senhorita Laurente. — Ela falou, a voz doce e calma, no entanto, escondia uma tempestade. Se Marissa pudesse, ela daria uma surra em René por se aproximar de Damian daquele jeito! A desgraçada tinha dormido com ele! Pelo menos ela usaria isso para algo! — Eu não disse nada, se
Lauren piscou para Marissa e saiu do banheiro, sentindo-se aliviada e finalmente capaz de respirar, assim que a porta do toalete se fechou atrás dela. “Deus!”, ela exclamou dentro de si mesma e inspirou fundo. Marissa estava de olho, ela era uma cobra traiçoeira e, agora, Lauren tiraria a prova das palavras de Damian. Ela voltou para a mesa e fingiu que nada tinha acontecido. Damian era observador e notou que havia uma expressão diferente no rosto de René, porém, ela sorriu para ele de um jeito que o fez engolir em seco, de nervosismo. Ela moveu a boca, como se dissesse “depois”, e Damian ficou ainda mais ansioso. O que ela queria falar depois? Seria possível que ela realmente levaria a relação deles para outro nível?Quando Damian ia virar o rosto, Lauren colocou a mão na bochecha dele de maneira carinhosa e passou o dedão. Aquilo acendeu uma chama dentro de Damian. — Eu adorei o lugar, Damian. — Ela falou de maneira suave e Damian segurou a respiração. — Fico feliz. Podemos vir
— Vou me afastar. René, não mantenho Marissa perto de mim porque quero. Na verdade, eu estou louco para conseguir me livrar dela. Se ela conseguir o emprego, minhas mãos estarão limpas, não deverei mais nada a ela. Lauren franziu a testa. — E o que diabos você tanto deve a ela? — ela perguntou. Seria um filho? O bebê que Marissa perdeu? Damian inspirou fundo e sentou-se no sofá. Lauren se endireitou e ficou sentada de lado, olhando para ele. — Meu pai bebeu demais e causou o acidente dos pais de Marissa. Meu pai não quis se dar mal, pagou uma pensão e se livrou da cadeia, mas Marissa me procurou e exigiu mais. Ela tinha uma vida confortável com os pais. Não eram ricos, mas não eram pobres. E ela poderia ter muitas chances na vida, porém, meu pai arrancou isso dela. Além de, claro, tirar a convivência com o senhor e a senhora Langston. Lauren não disse nada, apenas deixou que Damian falasse e ele continuou. — Eu concordei com ela. Meu pai foi um pai de merda, desculpe a palavra,
Lauren insistiu mais. — Imagine você comigo e sendo um pai para Oliver. E então, sua ex volta e vocês têm um filho. Como fica? Não acha que ela vai se zangar? — Se ela escondeu a criança de mim, ela não tem que se zangar coisa nenhuma! Entendo que ela estivesse chateada, mas foram cinco anos! — Damian se levantou do sofá, o humor dele tendo mudado de triste para enraivecido. — Gosto de você, gosto de Oliver, e isso não vai mudar. Com ou sem Lauren. Com ou sem a criança. Se existir. Algo dentro do peito dele queimava. E se ele tivesse uma criança com Lauren? Ter René ao lado dele o impediria de reconquistar a ex-mulher, mas ele não desistiria da criança de jeito nenhum, e lutaria com unhas e dentes para fazer parte da vida dela! Ele olhou para René e ficou de frente para ela, que teve que olhar para cima. Ele a queria, e muito. Ficar com ela, assumir um relacionamento com ela, significava que ele teria que Lauren estava saindo de vez da vida dele — qualquer chance com ela seria anu
— Sim, claro. — Ela respondeu e Damian notou o nervosismo escrito no rosto de René. Ele colocou a mão dele em cima da dela e acariciou com o dedão. — Ele não morde. Lauren levou uns segundos para compreender e soltou uma risada estranha. — É que… você mencionou que ele é como se fosse o seu pai. Então, eu preciso fazer bonito! A primeira impressão é a que fica, não é o que dizem? Damian inclinou-se para a frente e levantou a mão de René, apenas para beijar-lhe os dedos carinhosamente. — Eu tenho certeza de que ele vai gostar de vocês. Não se preocupe. O problema não era exatamente esse, afinal, Elliot conhecia Lauren muito bem e ela temia que, assim que colocasse os olhos nela, ele soubesse. E Damian era, na opinião de Lauren, cego! Oliver era idêntico a ele, como ele não percebia isso? Ela sorriu sem mostrar os dentes e voltou a comer. Depois que terminaram, Damian fez questão de lavar a louça e Lauren foi sentar-se no sofá, com Oliver. Aquela não era a primeira vez que Damian
O homem de roupão da foto era, sem sombra de dúvidas, Damian. Depois de cinco anos casada com ele, Lauren não o confundiria com nenhum outro. Bem no canto da foto, a mão de uma mulher, junto com a legenda: PORQUE É COMIGO QUE ELE PASSA AS NOITES! NÃO ACREDITA? ESTAMOS NO ÚLTIMO ANDAR DO BELLMONT!Logo abaixo, um endereço de hotel. O celular de Lauren tremia em sua mão direita, enquanto na esquerda ela ainda segurava o resultado do exame de gravidez feito mais cedo. A sensação do peito apertado, a dificuldade de expansão dos pulmões: Lauren estava entrando em pânico. Sem pensar mais, ela pegou a chave do carro, a bolsa e saiu pela porta de casa. — Senhora! — a empregada, Joelle, gritou ao ver a patroa correndo daquele jeito. Lauren não deu ouvidos a Joelle e entrou no veículo, dando partida no mesmo e dirigindo furiosamente pelas ruas de Charlotte. Os olhos dela continuavam se nublando por conta das lágrimas, mas ela não se intimidaria e, em minutos, chegou ao Hotel Bellmont. Ela ol