Paula Moretti
O mundo é um turbilhão de luzes brancas, vozes abafadas e o som ensurdecedor do meu próprio coração batendo no meu ouvido. Nicolo carrega-me nos braços, seus passos são rápidos e decididos, um contraste gritante com o pânico que vejo estampado no seu rosto. Ele atravessa o balcão da enfermagem sem diminuir o passo, sua voz um rugido de autoridade e desespero.
— Socorro! Alguém, agora! — ele ordena, e não é um pedido. É um decreto.
As portas do quarto de parto se abrem e, em segundos, estamos cercados. Pessoas de jaleco verde entram, uma enxurrada de eficiência profissional. A calma anterior se dissolve, substituída por uma urgência eletrizante. A médica, a mesma de olhos tranquilos, surge e faz o exame com uma rapidez que me deixa tonta.
Sinto sua luva e então a vejo retirar a mão do meio das minhas pernas. O silêncio que se segue é mais assustador do que qualquer grito. Quando ergo os olhos para o dela, vejo. Um breve, mas inconfundível, lampejo de alarme.
— Donna Moret