Paula Moretti
O meu mundo tinha sido reduzido a um cubículo de aço banhado por uma luz vermelha e pulsante. O ar era uma mistura do seu perfume amadeirado com o meu próprio aroma, intensificado pelo desejo que palpitava no espaço fechado.
Um calor, que não compreendia completamente, consumia-me por dentro, uma necessidade absurda de sentir algo ou alguém que fizesse diminuir a dor latejante que agora sentia entre as pernas, precisamente no interior da minha vagina. Não era uma dor de ferimento, mas uma dor de ausência. A memória física do toque dele em meu corpo, do sentimento de posse que ficou claro no dia anterior.
Meu corpo implorava por ele, com uma voz mais alta e mais convincente do que qualquer racionalidade naquele momento.
O nosso beijo era avassalador. Não era o beijo de um marido, mas de um homem à beira do abismo, agarrando-se à única corda que estava ao seu alcance para não despencar em um abismo. Os seus lábios eram exigentes, sentia os seus dentes roçarem os meus lábio