Romeu Albuquerque
Simon saiu de casa no fim da tarde. Não levou mala. Só o celular, a carteira e um casaco leve. Disse que precisava de tempo. Mas que voltaria.
Fiquei parado na porta, vendo ele se afastar pela calçada. O jeito que ele andava... parecia que cada passo doía. Como se estivesse carregando um peso que não era só dele.
Fechei a porta. O apartamento ficou em silêncio. E eu fiquei sozinho.
Não era a primeira vez que ele se afastava. Mas foi a primeira vez que ele disse, com todas as letras, que não sabia se voltaria pra mim.
Fui pra cozinha. Fiz um café forte e sem açúcar. Do jeito que ele gosta. Mas não era pra ele. Era pra mim. Pra ver se eu me segurava.
Sentei à mesa. Olhei pro copo. E pensei: será que ele vai escolher Noah?
A pergunta bateu como um soco. Não que eu achasse que Simon ia me trair. Mas porque eu sabia o que Noah significava pra ele. O que eles viveram. O que foi arrancado deles.
E por mais que Simon me amasse, tinha uma parte dele que ainda estava lá