Simon Duarte
O flat onde eu me escondi era pequeno, sem graça, sem cor. Escolhi assim de propósito. Queria um lugar onde eu não me reconhecesse. Onde eu pudesse pensar sem lembrar de quem fui com Romeu, nem de quem fui com Noah.
Nos primeiros dias, não saí. Pedi comida, deixei o celular no modo avião, tentei dormir. Mas não conseguia. Minha cabeça não parava.
Noah. Romeu. Meu corpo. Meu passado. Meu presente. Tudo misturado.
Eu sabia que estava machucando Romeu. E sabia que estava reacendendo algo em Noah. Mas eu também estava me machucando. Porque eu não sabia mais onde terminava um e começava o outro.
Na terceira noite, liguei o celular. Tinha mensagens do Romeu. Curtas e cuidadosas.
“Espero que você esteja bem. Estou aqui. Quando quiser.”
Li. Mas não respondi.
No dia seguinte, veio outra.
“Encontrei o pai do Noah. Ele me procurou. Disse que vai usar o contrato entre as empresas pra nos prejudicar se você se aproximar dele. Disse que vai te expor. Disse que vai me responsabi