Capítulo 3 - O encontro com o irmão rebelde.
Diante da situação, arrastei Finn pelo casaco até o estacionamento da empresa, ignorando os protestos dele.
No instante em que paramos em frente ao carro dele, virei-me bruscamente para encará-lo.
— O que há de errado com você? — Perguntei. — Você quer mesmo invadir o casamento da sua ex? Perdeu completamente a noção?
No entanto, Finn apenas passou a mão pelos cabelos.
— Eu preciso encerrar esse capítulo, Sloane.
— Não, Finn. Você precisa de ajuda profissional. Terapia.
— Eu não consigo simplesmente ficar parado e assistir à mulher que amo se casar com outro.
"Deus... Como eu queria socar o rosto dele, beijá-lo com tanta intensidade que esquecesse completamente que Delilah Crestfield um dia existiu, e gritar até que as estrelas, em desespero, despencassem do céu!"
— E qual é o plano, amigo? Vai invadir o altar? Estragar o grande dia dela? Empurrar o noivo e declarar seu amor eterno feito um protagonista clichê de comédia romântica? Jesus, Finn, você é melhor que isso.
— Eu não quero destruir o casamento. — Murmurou ele. — Só... Preciso que ela olhe nos meus olhos e diga que acabou.
Minha respiração falhou.
Eu o odiava. E odiava ainda mais o quanto ele permanecia estúpida e pateticamente apaixonado por Delilah, como se nada tivesse aprendido. Odiava porque, mesmo depois de tudo, mesmo após cada decepção, ele continuava acreditando que ela era o sol, a lua e as estrelas.
— Pois eu não vou com você. — Declarei.
— Por que não?
— Porque eu não quero.
— Vai sim, Sloane. E este assunto está mais do que encerrado.
— Eu não vou.
— Eu preciso de você.
Ah.
Lá estavam as palavras que me despedaçavam e me deixavam sangrando ali mesmo, no meio daquele estacionamento.
No fundo, detestei sentir meu pulso acelerar, justamente porque isso mostrava que ele ainda conseguia me abalar.
— Se as coisas... Não saírem como o esperado. — Continuou ele, se aproximando. — Eu preciso da minha melhor amiga ao meu lado. Não sei se vou conseguir aguentar sozinho se a Delilah realmente se casar.
Claro que ele precisava de mim... No fim, ele sempre precisava.
Eu vinha costurando Finn por tanto tempo que provavelmente conseguiria reconstruí-lo de olhos fechados. Conhecia cada rachadura, cada fratura... Já segurara os pedaços quebrados dele nas mãos e os encaixara de volta mais vezes do que podia contar.
Mas o cansaço já me dominava.
Estou tão cansada de amá-lo quando ele nunca pensou em me amar de volta.
No entanto, mesmo com a garganta apertada, obriguei-me a encará-lo.
— Eu não sou seu bichinho de apoio emocional, Finn.
— Por favor, Sloane. Eu não pediria se não fosse importante.
E, assim, cedi.
Porque eu era fraca, patética, e, acima de tudo, porque o amava.
E, por mais que doesse, eu sabia que sempre o amaria.
— Tudo bem. — Cedi. — Só não espere que eu junte os cacos quando tudo isso inevitavelmente explodir na sua cara. — Ainda que essas palavras saíssem da minha boca, era evidente para nós dois que eu não teria coragem de cumpri-las.
Em resposta, Finn sorriu, com aquele sorriso torto e juvenil que fazia meu coração errar o compasso.
— Fechado.
— Você pelo menos comprou uma passagem de primeira classe?
— Você sabe que eu não sou do tipo que viaja de econômica, Sloane.
— Tanto faz.
Com isso, virei nos calcanhares e voltei marchando para o escritório.
"Então… Nós realmente íamos fazer isso…
Íamos mesmo cruzar o país para invadir o casamento da ex dele!
O que poderia dar errado?"
-
[Sete semanas depois]
Eu já esperava no Aeroporto Regional de Asheville havia mais de uma hora, com a mala encostada nas pernas.
Finn deveria ter aparecido assim que desembarquei, mas, como sempre, ele desapareceu no momento mais inoportuno, confirmando sua fama de especialista em caos emocional e decisões péssimas.
Logo, tentei ligar para ele, mas não obtive resposta.
Então, enviei uma mensagem, que foi visualizada, embora completamente ignorada.
Em seguida, verifiquei o celular pela centésima vez e, ainda assim, nada. A bateria estava em 12%, mal o suficiente para chamar um Uber e procurar o hotel mais próximo, caso eu fosse deixada ali.
Estava prestes a atirar o celular contra a parede, quando ouvi o ronco grave de um motor que parecia ter emergido do próprio inferno, um som tão profundo e ameaçador que várias pessoas ao redor se viraram para conferir.
Quando levantei a cabeça, vi um Ford Mustang Shelby GT500 preto, monstruoso, deslizando com precisão até parar diante de mim.
No instante seguinte, o vidro abaixou e, por tudo o que era sagrado, o homem ao volante parecia a própria personificação do pecado.
Sua beleza era quase ofensiva, perigosa de um jeito que causava arrepios, com o maxilar bem marcado, o cabelo escuro e um visual completamente preto, como se estivesse pronto para provocar um incêndio... Ou desaparecer após um assassinato.
Seus olhos me examinaram dos pés à cabeça e, mesmo sentindo o impulso de arrumar a roupa amassada ou passar a mão no cabelo, resisti e permaneci exatamente como estava.
— Sloane Mercer? — Perguntou ele.
Pisquei.
— Quem é você?
— Pode me chamar de irmão rebelde. — Respondeu.
— O quê?
— Perdoe meus modos. — Disse ele, com uma voz suave, grave e irritantemente sexy. — Sou Knox Hartley. Irmão do Finn. Ele me mandou para te levar até a casa dos nossos pais.