Lá fora, o ar da noite estava fresco contra minha pele. Eu dirigia pelas ruas conhecidas com uma tensão discreta no peito. O sol começava a se pôr, pintando tudo de dourado e sombra. Meu olhar ia e voltava para a chave que ele me deu, repousando no porta-copos. Eu não sabia o que era mais perigoso: ele me dar tanto acesso assim ou eu querer esse acesso.
Quando estacionei na garagem da casa da minha mãe, o céu já escurecia. Parei atrás do carro do Nathan, saí do carro, alisei o vestido mais uma vez e subi os degraus até bater na porta.
Jade atendeu e mal olhou na minha cara antes de sair da frente.
Entrei, e o cheiro de alecrim e alho me envolveu na hora. Risadas vinham da cozinha. Segui o som, passei pela sala onde Nathan, de terno impecável, assistia TV.
Acenei. Ele retribuiu, sereno, a imagem da antecipação contida.
Deixei minha bolsa na mesinha lateral mais próxima. Segui o som das risadas até a cozinha e parei na porta. Minha mãe e Serena estavam no balcão, rindo como adolescentes.