Juliana terminou de ler, já com o rosto banhado em lágrimas. Mas sua tristeza não conseguia tocar o homem que perdeu a memória. Ele não enxergava, não lembrava de nada, vivia em seu próprio mundo, um mundo sem dia nem noite, onde apenas um homem chamado Kleber o acompanhava.
À noite, as águas do Rio Ima batiam com força contra a margem.
Bruno, por algum motivo, não conseguia dormir. No escuro, se levantou e chamou:
— Kleber.
Kleber se ergueu de imediato, perguntando:
— Está com azia? Ou quer beber água?
Bruno balançou a cabeça, e disse em voz baixa:
— Esta noite deve estar na maré cheia, não é? As águas do rio estão sempre sacudindo, é muito incômodo. Kleber, pode me acompanhar até lá para eu dar uma olhada?
Ele não via nada, mas queria sair para caminhar. Do contrário, o coração não se aquietava.
Kleber, como sempre, procurava satisfazê-lo. Ele o ajudou a se arrumar e ainda colocou sobre ele um sobretudo preto. Assim, partiram no meio da madrugada. Kleber levava a lanterna numa mão e,