Dois grandes acontecimentos marcaram o fim do ano de Joana: receber o tão sonhado diploma tornando-se oficialmente uma advogada e o término de um longo namoro. Consumidora voraz de livros românticos, Joana finalmente percebeu que sua vida precisava dos mesmos sentimentos apaixonantes das protagonistas: beijos arrebatadores de tirar o fôlego, sensualidade a flor da pele, troca de olhares sedutores e noites de prazer. Como presente de formatura, Joana se deu uma semana de férias no resort Itapuã Beach Suites, em Salvador. Lá ela conhece Ricardo, um jovem e atraente vocalista de uma banda de rock de São Paulo. Ricky, como gosta de ser chamado, parecia se encaixar perfeitamente nos seus desejos. Mas, o que Joana não podia imaginar, era que Ricky guardava um grande segredo em relação a ela... Depois daquele verão: romance, sensualidade, música, praia, uma pitada de mistério e muita diversão.
Ler maisJOANA
E lá estava eu no Aeroporto de Congonhas. Sozinha. Foi difícil me deparar com casais apaixonados viajando juntos. Dois pombinhos arrulhavam bem na minha frente e atrasavam o andamento da fila de despacho de bagagens. Eles não conseguiam desgrudar as mãos (e bocas) um do outro e se esqueciam de empurrar as malas quando a fila avançava. O homem era um pouco mais alto. Então, todas as vezes que a mulher levantava o olhar para encará-lo, seus olhos brilhavam intensamente. Seu sorriso era aberto, sincero, feliz. Eu não queria invejar a alegria deles, mas era inevitável. O namorado dela não me atraía, preciso deixar isso bem claro. Até que ele era bonitinho, mas a beleza aqui não era a principal questão. Eu queria olhar para alguém da mesma maneira. Ter esse olhar apaixonado de volta estaria incluído no pacote, obviamente.
Quero alguém que seja perfeito para mim e que me faça ficar com essa mesma cara de boba. Sabe aquela falta de ar ao ouvir a voz dele ao telefone? Pois é... É disso que eu estou falando. Quero dar um longo suspiro ao receber uma mensagem inesperada no celular. Ahhhh, o encantamento dos pequenos detalhes! Imagino o som da risada dele preenchendo o ambiente por algo bobo que passou na televisão. Esse cara deve ser espetacular! E morro de saudades dele. Estranho esse sentimento... Sinto saudades de alguém que ainda não conheci. É uma sensação louca de que minha alma o conhece e que no momento em que eu o vir, vou reconhecê-lo. E essa saudade tem aumentado bastante nos últimos tempos. Carência? Pode ser. Mas, sei lá, é algo diferente, entende? Eu sinto falta dele e nem mesmo sei quem ele é. Ou se existe nesse mesmo planeta que habito. Desconfio, inclusive, que ele possa ser um E.T.
Ai, ai... Ficar de bobeira em casa sem fazer nada dá nisso. Assistir aos filmes melosos da Netflix e me colocar no lugar da protagonista não está me fazendo bem. Sem contar com a leitura sucessiva de romances. Preciso arrumar um emprego assim que voltar dessa viagem. Urgente! Esse tal de “ócio criativo” só está me fazendo inventar caras que existem apenas na minha cabeça.
Olha lá o casalzinho atrasando a fila de novo! Atrasos... Sempre detestei chegar atrasada em qualquer compromisso. Sou daquelas que precisa chegar pelo menos quinze minutos antes da hora marcada. Senti meu coração acelerar de repente... E se eu estiver atrasada na vida dele? E se aquele olhar que eu tanto quero receber já estiver sendo direcionado para outra?
Chega, Joana! Pare agora mesmo de pensar tanta idiotice!
Finalmente a atendente da companhia aérea me chamou.
— Cartão de embarque e identidade, por favor. Somente essa mala para despachar?
Após as tradicionais perguntas sobre materiais eletrônicos e outros itens na mala, ela me devolveu os documentos e caminhei calmamente para o embarque. Aproveitei para olhar todos em volta. Não é possível que eu seja a única pessoa de São Paulo viajando sozinha! Corrigindo: acompanhavam-me na solidão os executivos usando ternos elegantes, mesmo em pleno calor do mês de janeiro, que olhavam seus notebooks e celulares simultaneamente. Praticamente todo o resto estava acompanhado. Usavam roupas leves e coloridas, com expressões ansiosas para aproveitar as férias de verão. Uma tremenda sensação de abandono me fez m****r uma mensagem para o João Pedro.
Já estou com saudades, maninho!
Assim que o avião pousar em Salvador te aviso.
P.S. Que saco viajar sozinha e não ter com quem falar!
A resposta chegou de forma quase imediata.
Eu não estou com a mínima saudade de você, Joana.
Quer parar de ser trouxa?
E não me mande fotos antes de melhorar essa cor de fantasma.
Ah, e o principal: pegue um cara diferente por dia!
Típica mensagem do meu irmão. Dei uma risada alta e, claro, acabei atraindo olhares. Mas foi por pouco tempo, já que anunciaram o voo. Muito bem, Joana Chaves. Como disse o filósofo João Pedro Chaves, largue de ser trouxa e entre nesse avião. Bahia, aqui vou eu!
JOANAEm quase todos os romances que li nos últimos meses, a mocinha da história foi pedida em casamento ou teve um filho com o amor da sua vida. Veja bem, não estou criticando esses finais, tanto que chorei emocionada em vários deles.Comecei o verão invejando a troca de olhares de um casal que estava na fila de despacho de bagagens do aeroporto. Horas depois conheci o grande amor da minha vida e constatei que os meus olhares apaixonados eram muito melhores do que os que eu havia invejado. Agora estou aqui, três meses depois, olhando para o meu primeiro apartamento! E, mesmo estando completamente apaixonada pelo Ricky, a decisão de casar comigo mesma foi uma das mais importantes até hoje.Poupar dinheiro, não importando o motivo, é uma excelente escolha. Quando resolvi guardar boa parte do que recebia pelos estágios pensando que casaria com meu ex-namorado, não pens
RICKY Foi difícil dormir na minha cama. Não que ela seja ruim, gastei uma boa grana nela. Eu adoro dormir, então preciso que seja feito de forma prazerosa. O verdadeiro motivo era que já sentia falta da boa vida do resort e de tomar o café da manhã na companhia da Joana. Uma semana foi tempo suficiente para me viciar no seu cheiro, no som da sua risada, no jeito que ela puxa meu cabelo com vontade. Esse jejum que ela impôs está me enlouquecendo. Estava por um fio de mandar aquela merda de acordo pro espaço e pegar a minha loirinha de jeito. No fundo eu entendi o que ela sentiu com toda aquela confusão e respeitei o seu tempo. Só não imaginava que me causaria tanta dor assim. A última vez que isso aconteceu eu era um adolescente magricelo que sarrava as meninas nas festinhas e ficava literalmente na mã
JOANADei graças a Deus pelo serviço de quarto. Deixei aquele lugar um verdadeiro pandemônio quando fugi para o shopping e agora estava brilhantemente arrumado. Preciso deixar uma ótima avaliação para as arrumadeiras quando deixar o resort.Que dia louco! Apenas lembrei de jogar os tênis que usava num canto e me joguei de roupa e tudo na cama, abraçando com força um dos travesseiros. Mas nem tive muito tempo para recapitular mentalmente tudo o que Ricky havia me falado. O celular começou a tocar e quando o pesquei de dentro da bolsa foi um alívio ver a foto do meu irmão. Estava tão elétrica que atropelei as palavras. Tentei resumir ao máximo toda a conversa no caramanchão e o pedido de namoro do Ricky.— Então quer dizer que voltamos ao século passado com pedidos de namoro? Esse roqueiro está subindo o conceito a
RICKYEnfim, a mensagem que eu tanto esperava! Por onde será que Joana andou afinal? Passei um dia de merda, pensando em tudo o que a Rosana jogou na minha cara sobre eu ser um músico medíocre. Além de olhar para o celular igual a um psicopata esperando uma mensagem ou ligação da Joana.Tânia conseguiu confirmar que Rosana havia deixado o resort. Se ela ainda estava na Bahia, se tinha voltado pra São Paulo ou comprado passagem para o quinto dos infernos pouco me importava. Meu paraíso estava a salvo daquela louca.Como não havia muito o que fazer e com o estresse num nível medonho, Tânia e Carlinhos me deixaram sozinho no decorrer do dia. No início, Carlinhos ainda tentou conversar e procurar alguma atividade no hotel para me distrair, mas Tânia, me conhecendo como ninguém, sabe que quando estou assim preciso ficar sozinho para pensar. Como um gran
JOANAO filme me distraiu, ainda bem. Saí renovada do cinema e não foi tão traumático assim assistir sozinha. Mais uma primeira vez para a minha coleção. Por que eu tinha tanto medo de ir sozinha ao cinema? Não sei se medo é o sentimento correto, talvez eu sentisse vergonha de ir desacompanhada. E, soltinha na vida, lá fui eu buscar um lugar para almoçar. Já passava das três da tarde e meu estômago começou a reclamar. Escolhi um belo salmão grelhado com batatinhas coradas, um suco de laranja e mousse de limão.Depois de mais uma volta pelo shopping, decidi que já era tempo de tirar o celular do modo avião. Por sorte, eu estava com o carregador portátil na bolsa e resolvi sentar em um dos inúmeros bancos para checar as mensagens enquanto ele recarregava.Joana,Por favor, me avisa assim que voltar
RICKYNão pensei que pudesse sentir todo aquele ódio novamente. Tudo estava tão bem e eu finalmente acreditava que poderia ser feliz. Rosana tinha invadido meu paraíso sem a menor cerimônia, como o pior dos furacões. E continuava a mesma: arrogante, se considerando acima de tudo e de todos e se achando no direito de ferir quem estivesse em seu caminho. Não consigo entender como um dia pude ser apaixonado por essa mulher. A única explicação plausível é que sua beleza me cegou para todo o resto. E, agora percebendo tudo de forma tão clara, ainda consigo ver o quanto é bonita e atraente, mas em nada mais me afeta.Minha cabeça tinha virado o mais completo caos. E nem pude evitar que Joana saísse daquela maneira. Ela não merecia ser agredida pela Rosana, então era melhor mesmo que não presenciasse aquela cena tão pat&eacut
Último capítulo