Dois

Jack dirigiu por algumas horas, enquanto Ariadne dormia no banco do carona. Ele sempre a olhava, admirando sua beleza e imaginando o que poderia ter levado uma mulher tão bonita a se meter em tamanha enrascada. Depois de sair da cidade ele entrou em uma estrada vicinal não pavimentada e dirigiu até chegar em uma casa aparentemente abandonada, em uma fazenda. Logo que parou o carro, Ariadne despertou assustada.

— O que a aconteceu? Alguém atrás de nós? — perguntou.

— Por enquanto não! — Jack respondeu friamente, enquanto abria a porta do lado do carona. — A gente só chegou em um lugar para se esconder!

A mulher desceu do carro e ao olhar para o local onde ficaria escondida, não gostou logo de cara.

— Isso? — falou com desdenho. — Esse lugar parece estar abandonado a séculos, sem falar na humidade!

Tal comentário fez acender certa irritabilidade em Jack, que retrucou o que foi dito pela mulher de olhas verdes, com o dedo indicador apontado para ela.

— Escuta aqui, moça. Se tiver achando ruim, pode procurar um lugar melhor! — vociferou, bastante irritado. — Ou, quem sabe, voltar para o seu apartamento de luxo, onde certamente terá alguém lá esperando por você!

Ariadne olhou para os lados e viu que não tinha outra opção senão permanecer ao lado daquele homem. Jack a advertiu que deveriam entrar logo para dentro da velha casa, pois alguém poderia os estar vigiando. Entraram e o homem fechou a porta, passando uma trava de madeira para reforçar a segurança. A mulher de olhos verdes prestava atenção em cada movimento do homem mais alto, enquanto segurava uma lanterna a fim de o ajudar na iluminação.

A casa era bastante antiga e parecia estar abandonada há muito tempo, pois poeira e teias de aranha era o que se podia ver por todos os lados. Haviam alguns móveis velhos cobertos com lençóis brancos, mas empoeirados. Ariadne retirou um deles de sobre um móvel, revelando um sofá retrô com braços feitos em madeira entalhada. Jack fez o mesmo com uma mesa velha, depois foi até uma lareira que ficava ao fundo a partir da porta de entrada e acendeu a mesma para que pudessem se aquecer.

— Como você sabia desse lugar? Já esteve aqui antes? — indagou Ariadne, um pouco sem jeito.

— Já sim! — a resposta foi firme. — É aqui que eu costumo ficar quando tenho que me esconder!

— E por que está assim? Tão abandonada? — novamente perguntou, curiosa.

— Escuta aqui, dona. Eu não lhe devo satisfações, mas vou responder assim mesmo. — falou após um profundo suspiro. — Eu a mantenho assim justamente para que, seja lá for que esteja me caçando, não faça ideia de que eu possa estar escondido nessa pocilga, a minha amiga me entende?

Ariadne assentiu enquanto Jack foi até a dispensa pegar algo para comer. Ele parecia precavido e sempre deixava alimentos de preparo instantâneo para caso precisa se esconder. Retornou com dois baldinhos de sopa pré-pronta e entregou uma nas mãos da mulher.

— Vou ferver a água para preparar. Infelizmente só tenho de bacon, não sei se você gosta, mas é tudo o que temos hoje! — a mulher assentiu, então Jack mexeu as narinas como se estivesse sentindo algum odor. E ele estava. — Olha, logo atrás daquela porta tem um chuveiro, não é quente, mas dá para se lavar!

— Por que está me mandando tomar banho?

— Por que essa sua periquita está fedendo a muco e sêmen. Isso me enoja!

Ariadne levantou-se devagar e caminhou em direção ao pequeno banheiro. O homem foi até outro armário que ficava perto da janela e pegou uma toalha lá de dentro.

— Você preparou mesmo esse lugar! — disse ela, olhando feio para ele.

— Eu faço o que posso. Deve ter um resto de sabonete que eu usei da última vez que estive aqui. Não é cheiroso quanto um Chanel nº5, mas tenho certeza de que é melhor do que o fedor de bunda azeda!

— Obrigada elos elogios, senhor Morris!

Ariadne tirou o casaco no qual estava vestida e ligou o chuveiro. A água estava fria, mas pelo menos a daria a sensação de lavar toda a sujeira de seu corpo e principalmente, de sua alma. Juntamente com a água que rolava pelo seu corpo e escorria direto para o ralo, suas lágrimas também rolavam enquanto a mesma pensava em sua mãe. E se os assassinos a procurassem, sendo que dona Jovelina era o que mais importava para a mulher de olhos verdes? Ficou ali até que ouviu Jack a chamar dizendo que o jantar já estava servido. Seria bom colocar algo quente no estômago depois uma noite tão agitada. Mas as coisas não saíram como planejado. Nem mesmo Ariadne soube se foi sorte, ou, um milagre, mas assim que se abaixou para enxugar os pés, uma bala passou arrancando alguns fios de sua cabeça. Jack foi alertado pelo grito de terror exprimido pela mulher mais baixa e então correu até ela.

— Merda, ele nos achou! — exclamou ele, puxando-a para perto de si. — A gente tem que sair daqui agora!

Enquanto Ariadne chorava, tentando se proteger dos disparos efetuados do lado fora pelo assassino, Jack revidava a fim de poder conseguir uma brecha e assim poder escapar e foi o que aconteceu. O misterioso salvador de Ariadne pegou uma arma de grosso calibre e disparou diversas vezes na posição na qual se encontrava o atirador. Com isso eles puderam chegar até o carro o homem de cabelos castanhos deu a partida, saindo em alta velocidade. Mas eles ainda não estavam seguros. O atirador então começou uma perseguição implacável, atirando contra o SUV que só não fora atingido por conta da blindagem.

— Ele está atrás da gente! — gritou Ariadne.

— Me fala algo que eu não saiba! — retrucou Jack, com sarcasmo.

— Ele vai me matar!

— Não se eu estiver comigo. Agora segure o volante e não tire o pé do acelerador!

— Você vai querer que eu dirija? Eu não sei se vou conseguir! — disse ela, olhando para o rosto do homem mais lato e grande era a expressão de pavor em seu rosto.

— Escuta aqui, majestade, ou você dirige essa porra de carro, ou eu mesmo te jogo para fora dele! — exclamou. — Agora pega a porra do volante!

Os dois dera um jeito de trocarem de lugar, sem que o veículo desacelerasse. Enquanto isso, o atirador seguia disparando, a fim de acertar um dos pneus e por fim, concluir o seu trabalho, mas Jack parecia ser mais esperto. Debaixo do banco traseiro do veículo havia um rifle de precisão, ele pediu apenas que Ariadne se mantivesse firme no volante. Primeiro ele atirou contra o para-brisa traseiro, a fim de ter uma boa visão. Depois mirou no pneu dianteiro à esquerda, errou o primeiro por que Ariadne acabou ficando nervosa e fez um zigue zague.

— Porra! Dá pra não ficar balançando essa joça?

Ela então procurou se concentrar, mas outro disparo do atirador a forçou abaixar a cabeça, mesmo assim conseguiu ficar firme, foi então que na segunda tentativa, Jack acerta o pneu dianteiro à direita do carro de seu perseguidor, fazendo com que o outro carro derrapasse. Mas o homem não se deu por vencido, desceu do carro, apontou a arma e seguiu disparando até que o pente de sua pistola se esgotasse. Assim, Ariadne e Jack teriam tempo para respirar um pouco.

***

— Aaahhhh, PORRAAA! — o atirador esbravejava ao mesmo tempo em que descarregava sua ponto50.

Impotente, o homem de cabelos cacheados apenas olhava sua presa se afastar cada vez mais, sem ter a certeza de que algum dos disparos efetuados por ele, tivessem atingido pelo menos um alvo. Ele olhou para o Leste e viu os primeiros raios de Sol despontar no horizonte, formando um barrado alaranjado contrastando com o céu ainda coberto pela escuridão da noite. Ele teve sua concentração quebrada pelo toque do celular.

— Oi!

— Cadê você? Já fez o trabalho?

— Em parte! A puta escapou mais uma vez, ela parece estar com o Morris. O que dificultam um pouco as coisas!

— Pouco me importa isso! Ela pode estar com o diabo, o que importa mesmo foi que eu contratei você para o serviço. Essa puta deve estar morta ainda hoje, você me entendeu?

— Está bem, eu vou encontrá-la, assim aproveito para me livrar do Morris também!

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