Desliguei o celular. O ecrã ficou preto, cortando a única ligação que Pedro tinha comigo. Ele não ouviria a reunião. Ele não monitoraria a minha respiração. Por hoje, eu precisava de foco total, e a energia possessiva dele no meu ouvido seria uma distração que eu não podia bancar.
Respirei fundo, ajeitei o blazer e entrei na sala de reuniões de Alexander Vane.
O ambiente era desenhado para intimidar, uma mesa longa de vidro negro, cadeiras de couro que pareciam tronos e uma vista de Londres que custava mais do que o PIB de um país pequeno. Vane estava lá, claro, cercado por três advogados e dois engenheiros que pareciam ter medo de respirar alto.
— Isabella. — Ele levantou-se, dispensando a formalidade do aperto de mão e indicando a cadeira ao seu lado, na cabeceira. — Pontual. E desacompanhada. O Sr. Montenegro decidiu... fazer compras?
— O Pedro tem a agenda dele, Alexander. E eu tenho a minha — respondi, sentando-me e cruzando as pernas devagar. — Ele foi visitar um velho amigo