O corredor da suíte presidencial estava imerso em penumbra quando entrei. O silêncio era espesso, quase tátil, carregado com a eletricidade estática de uma tempestade que estava presa entre quatro paredes.
Fechei a porta atrás de mim. O clique da fechadura soou como um tiro no escuro.
Pedro estava lá.
Ele não estava andando de um lado para o outro. Estava sentado na poltrona de couro escuro, no canto mais sombrio da sala, de frente para a porta. Uma taça de uísque descansava intocada na mesa ao lado. Ele não vestia o paletó; a camisa branca estava com os três primeiros botões abertos, as mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes onde as veias pulsavam, denunciando a tensão que ele tentava controlar.
Os olhos dele... Deus, os olhos dele eram dois abismos negros fixos em mim. Não havia raiva explícita. Havia algo pior: uma fome calculista. Uma paciência predatória.
Não me movi. Apenas soltei a pasta com o contrato de 500 milhões no chão. O som do couro batend