CAPÍTULO 7 TARSO

Penso e repenso no que a minha mãe falou. Bufo de raiva só em pensar que estou nas mãos dela. Esmurro a parede. Quem diabos é Emília? Quem será essa mulher e o quanto ela recebeu para viver essa farsa do meu lado?

Já estava com fome e não aceito comida daqui. Não posso confiar em ninguém. Maldita hora que esse juiz foi se envolver com a minha mãe. Pergunto-me por onde anda Yan. Não estou acreditando que, pela primeira vez, terei que ceder a ela.

E, enfim, Yan aparece com uma marmita. Ele me olha, desolado, e fala:

— Pelo menos consegui mais uma visita. Sabia que a sua mãe conseguiu impedir a minha entrada aqui? Subornei um pouco, e aqui estou eu. Odeio trabalhar assim, mas, às vezes, não tenho saída.

— Estou morrendo de fome, Yan. A minha mãe veio aqui — falo.

— Sério? E aí, o que conversaram? — Yan pergunta.

— Ela quer que eu me case com uma mulher que nem sei quem é. Segundo ela, para tentar limpar a minha imagem e o nosso bendito sobrenome.

— Sério isso? Casamento com uma mulher que você não conhece? Que loucura é essa?

— Se eu não aceitar, irei ficar preso para sempre aqui, porque fui considerado alguém perigoso para a sociedade. Logo eu.

— Ela não está mentindo, Tarso. Além de mim, contratei mais um advogado para te ajudar, mas o juiz está irredutível. Não era melhor você aceitar o casamento com essa moça? Sossega por aqui, determinamos um tempo para isso terminar.

— Descubra quem é Emília, o que ela faz, como ela é, jeito, comportamento, o que gosta e o que não gosta. Ela aceitou casar comigo. Muito bem, a senhorita Emília vai conhecer quem é o Tarso.

— Vai aceitar, então, casar para sair daqui? — Yan pergunta.

— Traga-me informações da tal, e então darei-lhe a resposta — respondo, e ele sai.

Enquanto saboreava a deliciosa comida que ele trouxe para mim, fiquei pensando em como agir com uma esposa, então, desconhecida. Mas sou avisado que tenho visita. Quando me levantei para olhar quem é, Allan está em pé e emocionado à minha frente.

— Meu irmão, quanta saudade, Tarso.

— Allan, queria tanto te abraçar — falo, bem emocionado.

— Tarso, quando vai sair daqui, meu irmão? — Allan pergunta, enxugando as lágrimas.

— Em breve, Allan, quando eu casar.

— Casar!? Tarso casando? Meus parabéns, irmão.

— Não estou casando porque quero. Fui obrigado por Elis Navarro.

— Mamãe não faria isso! — Allan a defende.

— Faria isso e muito mais. Deixaria-me aqui, impossibilitado de ser solto. O juiz é o namorado dela, ou você não está sabendo? — pergunto.

— Ela namora o juiz. Isso eu sei, mas não acredito que mamãe te forçaria a casar. E quem é a mulher? — Allan pergunta.

— Emília, você conhece? — pergunto, curioso, porque alguém tem que conhecê-la.

— Não pode ser a Emília que estou pensando. Não pode ser! Recuso-me a acreditar em tal coisa.

— Fala quem é ela, Allan? — pergunto, desnorteado.

— A visita acabou! — o agente policial fala alto.

Allan foi embora e não falou quem é Emília. Fico louco, com as mãos na cabeça. Se eu não sair daqui, eu vou quebrar tudo. Ando de um lado para o outro, e a paciência vai faltando a cada segundo, minutos, horas sem ter a minha liberdade.

As horas se passavam, e nenhuma notícia, nada. Já era noite quando Yan chegou em silêncio e entregou-me um envelope.

— Até que enfim chegou! — falo, aliviado, e abro o envelope rápido.

A primeira coisa que vejo é a fotografia de uma mulher que parece mais uma menina. Os seus olhos verdes-escuros, rosto angelical que exala inocência, cabelos claros, pele branca. Percebo que ela é muito delicada. Leio a ficha e descubro que ela tem 30 anos, é graduada e pós-graduada em administração e economia numa das melhores faculdades da cidade, mora num apartamento no bairro nobre e hoje está à frente de todos os hospitais Navarro, ocupando um alto cargo que era ocupado pelo meu pai e pela minha mãe. Emília Santiago só tem uma irmã, então médica, que trabalha no hospital Navarro.

— Então, essa é a Emília. Não preciso mais ler nada. Ela deve ser pior que a minha mãe! Para dona Elis confiar um cargo de tamanha competência nas suas mãos…

— Tarso, a garota faz anos que está cuidando do que é seu. Querendo ou não, você faz parte da família. Você é herdeiro de todo esse patrimônio dirigido por Emília.

— Já vejo um puxa-saco na minha frente. Será que você está cego, Yan? Essa garota é uma aproveitadora. Ela quer aproveitar esse maldito casamento para entrar de vez na família e ficar com algum dos hospitais — falo, exaltado.

— Tarso, não fale isso. Se Emília fosse assim, já teria casado com algum dos seus irmãos.

— Pelo que vejo, parece ser uma intocável e cheia de frescuras, mas, no meu mundo, ela vai aprender a ter o pé no chão. Sabe se ela cria animais, como gatos e cachorros? — falo, já imaginando mil planos para ela.

— Ela mora num apartamento em que não se pode criar animais de estimação.

— A famosa Emília talvez não goste de animais. Yan, compre ou adote quatro gatos. Algumas mulheres não curtem animais em casa, e ela parece uma delas.

— Enlouqueceu de vez? Para que quer quatro gatos, Tarso? Já vai aprontar e ainda nem saiu da cadeia?

— Adote os gatos, e a casa que eu ia reformar, não vamos mais! Emília quer casar, então casamos, mas ela terá que morar comigo lá, com gatos e talvez um cachorro.

— Não acredito que vai morar naquela casa, podendo ir morar num ambiente melhor. Tarso, você é rico! — Yan fala, baixinho, para ninguém ouvir.

— Ninguém precisa saber disso. A tal Emília tem que começar a navegar por outros mundos, um mundo de gente simples que não é rica. Vou virar o mundo dela de cabeça para baixo.

— Tenho medo quando fala assim, porque a sua maturidade ficou nos dedos. Parece que não cresce — Yan fala, sem paciência.

— Yan, sei o que estou fazendo. Ligue para a minha mãe e avise que pode marcar o casamento — falo, sorrindo.

Yan sai, deixando-me sozinho com a fotografia da Emília. Lembro o quanto o meu pai sonhava que eu administrasse os hospitais, e eu nunca quis e nem quero. Hoje, está tudo nas mãos de uma estranha. Muita coisa mudou após a sua partida.

Desde já, me preparo para viver as mais novas aventuras que esse casamento vai me proporcionar.

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