O apartamento de Giovanni estava mergulhado em silêncio. Mas agora, o silêncio parecia ter adquirido forma.
Era pesado, quase sólido.
Um espectro invisível que pairava sobre o mármore branco, sobre a lareira apagada, sobre cada objeto que já fora tocado por ela.
E havia muitos.
Giovanni continuava no mesmo lugar em que Sophia o deixou.
Sentado, imóvel.
Como se seu corpo houvesse se recusado a aceitar a partida dela. Como se estivesse preso ali, naquele instante congelado no tempo, esperando… algo.
Talvez coragem, talvez arrependimento.
O copo de uísque repousava em sua mão como se fosse uma extensão dela. Mas não desceu pela garganta. Ele não queria o gosto do álcool, porque não queria tirar o gosto dela que ainda estava presente em sua boca.
Inspirou fundo. Os pulmões se recusaram a cooperar como antes. A respiração agora era dura, forçada.
Dentro de si, o caos era silencioso, mas devastador. Uma revolta subterrânea, feita de lembranças, de palavras não ditas, de gestos não feitos e