Fazia dois dias que Giovanni havia retornado de Xangai. Dois dias de silêncio absoluto, de ausência calculada, de um vazio que ele fingia não sentir enquanto a cidade se movia do lado de fora das janelas de vidro.
E, ainda assim, ele não havia ligado para Sophia.
No escritório envidraçado, o relógio marcava 10h47 quando Antonella entrou. Usava um vestido cinza de alfaiataria, o coque no alto da cabeça impecável, e os saltos faziam um som contido sobre o piso de mármore, mas nada nela era tranquilo naquele instante.
Giovanni estava recostado na poltrona de couro, com as pernas cruzadas, um copo de café ao lado e um relatório sobre a mesa. Lia sobre uma fusão bancária com tédio visível no rosto. O terno preto abraçava seu corpo como uma segunda pele, os punhos da camisa branca dobrados até os antebraços, o colarinho desabotoado.
— Antonella. — murmurou, sem levantar os olhos. — Veio me convencer a doar mais dinheiro para uma de suas causas emocionais?
— Não. — ela respondeu, e havia alg