O som agudo de uma gargalhada infantil cortou o ar como uma explosão de luz em meio à monotonia da tarde nublada.
Era um riso claro, cristalino, que perfurava a bruma espessa que pairava sobre o céu de fim de tarde, como um raio de sol teimoso tentando furar as nuvens. A grama do parque público ainda estava úmida do orvalho que nunca parecia secar completamente naquela época do ano, e o cheiro de terra molhada e folhas secas envolvia o ambiente como uma lembrança constante de que o verão havia acabado há dias.
No centro do parquinho de madeira antiga, com estruturas de escalar meio descascadas, cordas esgarçadas e escorregadores já gastos pelo tempo e pelo uso de tantas infâncias, uma menina pequena, de pouco menos de um ano, estava sentada sobre um cobertor xadrez