A noite caiu sobre a cidade, e o quarto de hotel pareceu-lhe subitamente minúsculo. Jogou o macacão sobre a poltrona, liberou os cabelos, ligou o ar sem programar temperatura. Caminhava em círculos, sentindo a raiva reverberar nas paredes internas do peito. Raiva de Giovanni por ter se envolvido.
Lembrou do conselho de Madame Beauvoir, a mentora que conhecera num clube privado em Lyon: “Submissão não é atalho para amor, é rota para autoconhecimento.” Marie cuspira aquilo com desdém, na época. Achara que Beauvoir era apenas uma dominatrix com verniz filosófico. Agora, cada palavra se cristalizava na carne, lembrando-lhe de que a entrega que ofereceu não a tornou dona de Giovanni, apenas dona de si mesma e mesmo assim parecia incerto.
Abriu o frigobar, pegou