Helena passava os dedos pela alça da mochila quando avistou a silhueta parada junto ao portão lateral do hospital.
Rafael.
Ele estava ali, parado no escuro, como uma sombra fora de lugar. O jaleco jogado sobre o braço, o celular na outra mão, mas sem olhar a tela. Apenas... esperando.
Ela considerou fingir que não o viu. Estava exausta. Não tinha mais energia para suas ironias ou sua frieza calculada. Mas também não era do tipo que recuava.
— Me seguindo agora, doutor?
Rafael virou o rosto, a expressão tão difícil de ler quanto sempre.
— Te procurei para entregar isso — disse, erguendo algo em direção a ela. Um crachá. O dela. Helena passou a mão automaticamente no peito e percebeu que de fato não estava lá.
— Ah. Obrigada.
Ela esticou a mão para pegar, mas ele não soltou de imediato. Os dedos dele encostaram nos dela por um breve instante, e foi o suficiente para que um arrepio lhe percorresse os braços.
Helena puxou o crachá sem comentar. Enfiou no bolso da mochila.