Havia se passado dois dias desde aquela confusão no quarto. Dois longos dias em que o silêncio se tornou meu único companheiro.
Não vi mais Long. Muito menos Miller. Era como se tivessem evaporado, deixando para trás apenas as paredes fechadas deste quarto dourado e sufocante.
A governanta vem três vezes ao dia. Nunca troca mais do que três palavras comigo. Deixa a comida — pratos elaborados que não despertam apetite — e uma jarra de água gelada sobre a mesinha. Depois, tranca a porta, cumprindo ordens. Mecânica. Fria. Indiferente.
Tentei perguntar por Bianca, a única pessoa com quem ainda me importava aqui dentro. Mas fui ignorada. Como se meu medo, minha angústia, minha necessidade de saber não existissem.
É assim que nos apagam: não com violência, mas com descaso.
E eu… estou cansada de ser invisível.
Passei a ocupar meu tempo observando pela janela. Fico horas ali, vendo o movimento externo — homens de preto caminhando apressados entre os galpões e os carros. O horizonte é l