Era para ser mais uma rotina de trabalho. Por isso, finjo calma, respiro fundo... e entro.
Cumprimento uma das atendentes com um aceno discreto, evitando que meu olhar encontre o dela. Não posso.
Se alguém me encarar por tempo demais, vai perceber — eu estou prestes a fazer algo errado. Algo que talvez eu me arrependa depois.
Sigo direto para o depósito dos fundos, onde costumo organizar as encomendas maiores — vasos, arranjos delicados, peças pesadas.
É o lugar perfeito para desaparecer por alguns minutos.
Mas antes, preciso me certificar de que Mariana não está por aqui.
Bato na porta do escritório dela.
Nenhuma resposta.
Abro devagar e... vazio.
Caminho até a sala onde fabricamos os vasos, guiada pelo som abafado de risadas e vozes em conversa baixa.
Reconheço os timbres. São os funcionários.
Abro a grande porta e entro.
— Boa tarde. — digo.
— Boa tarde! — respondem animadas.
— Verifiquei a encomenda que chegou — Olivia anuncia. — Você poderia dar uma olhada só para termos certeza