Eu estava pensando no meu amigo.

Pensando em Long.

E nas palavras que Leonardo me disse naquele jantar.

Long sempre teve acesso ao mundo lá fora. Fazia o que chamava de “missões” viagens curtas, discretas, ele costumava sair e voltar dias depois, como se nada tivesse acontecido.

Mas quando voltava… tudo nele mudava. Se posicionava. Observava. Mantinha a ordem como um código que só ele compreendia.

Tudo ali dentro era controlado sob os olhos dele. Eu sabia disso.

Mas, se eu parar para pensar bem… não havia como ele me tirar de lá.

A prova disso foi a nossa primeira fuga frustrada.

A dor ainda vivia em mim. Se eu tivesse conseguido fugir naquela noite, muitas das minhas feridas nem teriam existido.

Balanço a cabeça, tentando apagar o que Leonardo me disse, e foco nas palavras da doutora.

Um cisto no ovário. Danos. Complicações futuras.

Eu não entendia por que aquilo me incomodava tanto.

Não é como se eu quisesse ter filhos.

Não é como se eu tivesse planos de construir uma