Eu não consigo parar de chorar.
Tento. Juro que tento. Mas é inútil.
As lágrimas vêm como uma avalanche, rompendo todas as barreiras que eu construí.
Seus braços me seguram. E eu me sinto tão pequena.
Choro como aquela menina debaixo da cama.
Choro como aquela menina que machucou o pé depois de errar o passo no balé.
Choro como aquela menina que sonhava com a mãe, mas nunca acordou com o sonho realizado.
Ela se senta na poltrona com esforço e eu, sem pensar, me sento no chão, deito a cabeça em seu colo como se meu corpo sempre soubesse que era ali o lugar mais seguro do mundo.
Deus… é minha mãe.
Seus dedos trêmulos deslizam pelos meus cabelos, tão leves, tão gentis, e cada toque rasga uma parte endurecida dentro de mim.
— Eu te procurei por tanto tempo... — ela sussurra com a voz embargada. — Até que se cansaram da minha procura e me trancaram aqui. Disseram que você tinha morrido, que eu precisava aceitar... Mas eu nunca aceitei.
Sua mão afaga minha cabeça com mais força,