Eram sete da noite quando me trancaram em outro quarto.
Desde o almoço, não vi mais Bianca. Nem sei se ela ainda permanece nesta casa, se está em outro cômodo ou se…
Não. Eu me recuso a terminar esse pensamento.
Eu vestia a única peça que haviam deixado sobre a cama: uma camisola branca de cetim.
O tecido era fino, frio ao toque, escorria pelo meu corpo como se pertencesse a outra mulher — uma mulher que talvez estivesse preparada para ser tocada, olhada, violada.
A alça delicada caía levemente pelo meu ombro, e a renda que contornava o decote acentuava cada curva que eu gostaria de esconder.
Ela era curta, terminava logo acima das coxas, e a transparência me fazia sentir nua mesmo vestida.
Não havia calcinha. Nem sutiã.
Era proposital.
Sempre era.
Me sentei no chão encostada na parede oposta à porta, com os joelhos juntos ao peito, abraçada a mim mesma.
Já se passaram horas e eu não comi nada desde o almoço, mas o alimento não faz falta, a vida que eu perdi sim.
Sinto falta dele.
Do