Catarina
Saio da sala de Arthur igual ou mais atordoada do que ontem. O que acaba de acontecer, meu Deus? Consigo me recordar da dimensão exata de sua altura, do movimento exato de sua garganta ao engolir seco e da dilatação de suas pupilas tão evidentes em seus olhos azuis, que o faz apertá-los levemente, os deixando brevemente puxados.
Lembro, com uma precisão atordoante, do cheiro que ele todo emanava para mim.
Consigo lembrar que a distância que nos separava era a de um sussurro, que saiu de seus lábios finos como uma promessa. Prometeu que me deixaria trabalhar em paz.
Trabalho, Catarina!
Trabalho!
– Tudo bem por aí, Cata?
– O que?
– Você está bem?
– Sim! – Digo ainda sem raciocinar.
– César entrou aí para ver se você precisava de ajuda ou se o rei a tinha mandado para o calabouço.
– O que eu fiz?
– Enfrentou a fera. E se não foi mandada de volta por o