Capítulo 24
Acordei antes do sol nascer, envolta no silêncio da pequena casa nos fundos. O cheiro da madeira, o som distante de algum pássaro, tudo parecia mais calmo do que nos dias anteriores. Meu corpo ainda carregava o cansaço da viagem até Belo Horizonte, mas minha mente estava surpreendentemente leve.
Aquela visita tinha sido mais do que necessária. Foi uma costura, uma dessas que fecha as bordas de uma ferida antiga. Meus pais não exigiram mais do que eu podia dar. Apenas me acolheram. E isso, por si só, foi imenso.
Levantei e segui até a obra antes das oito. O casarão estava em silêncio, mas já com os primeiros raios de sol tocando a fachada antiga. Parei por um segundo para observar como as cores da madeira restaurada pareciam conversar com o azul claro do céu. Era como se aquela casa também estivesse voltando à vida.
No salão principal, Miguel já estava debruçado sobre algumas plantas abertas sobre uma das mesas de apoio.
— Achei que fosse dormir até mais tarde — ele di