CAPÍTULO 12
A manhã nasceu envolta em névoa, como se o mundo lá fora tivesse decidido sussurrar em vez de falar alto. Acordei antes do despertador, mas continuei deitada, ouvindo o som abafado dos passarinhos e tentando entender por que meu coração parecia tão cheio e, ao mesmo tempo, tão silencioso. Era como se algo tivesse mudado dentro de mim durante a noite — uma chave girando, um nó se desfazendo devagar.
Lembrei do beijo.
Do jeito como os olhos de Miguel buscaram os meus antes de tudo acontecer. Como se ele estivesse perguntando com o olhar, pedindo permissão antes de se aproximar. E da forma como o tempo pareceu parar quando nossos lábios finalmente se encontraram, como se o mundo todo tivesse dado um passo para trás só para nos assistir em paz.
Mas o que ficou mais forte foi o depois. O silêncio confortável. O jeito como ele encostou a testa na minha e suspirou, como se aquele gesto tivesse mais peso do que palavras. Não houve promessas. Não houve planos. Só um toque, e a verd