CAPÍTULO 11
Agarra-se a mim quando estiver escuro demais para enxergar
Lauren Daigle - Rescue
Eu não fazia ideia de como certas manhãs poderiam nos mudar.
Acordei com a luz filtrando pelas frestas da janela, o cheiro do café invadindo o ambiente antes mesmo de eu pensar em levantar. O frio ainda repousava sobre o lençol, como um lembrete de que o inverno estava se aproximando, e com ele, a necessidade de calor — físico, humano, emocional.
Levantei devagar, com os músculos ainda pesados de pensamentos. Miguel havia passado mais tempo por perto nos últimos dias. Não era invasivo. Era presente. De um jeito só dele. Ajeitando ferramentas no ateliê improvisado, consertando uma fechadura que eu já tinha aceitado como parte da casa, deixando um bilhete simples junto a uma caneca: “hoje venta mais do que parece, não se esqueça do cachecol.”
Às vezes, tudo o que a gente precisa é disso. De alguém que nos veja sem fazer alarde. Que cuide sem nos prender.
Desci para a cozinha com passos lentos e