Capítulo 37
Algumas distâncias não se medem em quilômetros, mas em transformações. E, de uns dias pra cá, eu sentia que estava me transformando. Não por causa do trabalho novo, nem pelo cenário novo, nem mesmo por estar numa cidade tão cheia de vida quanto o Rio de Janeiro.
Era algo mais sutil.
Era como se algo dentro de mim estivesse, finalmente, encontrando espaço para crescer.
Passei o sábado andando por Santa Teresa. Entrei em lojinhas escondidas, tomei um café onde a moça do caixa me chamou pelo nome depois de dois dias seguidos ali. Anotei detalhes em meu caderno que não tinham nada a ver com arquitetura ou restauração, mas que, de alguma forma, também estavam restaurando algo em mim.
O barulho da cidade era constante, mas agora não me incomodava. Ao contrário: era como se me lembrasse, o tempo todo, que eu estava viva. E por mais estranho que fosse admitir… eu estava feliz. De uma forma silenciosa, quase tímida, mas muito real.
À noite, saí para jantar com Clara, uma amiga de