A festa na Fazenda Boa Vista estava no auge. As luzes penduradas nas árvores iluminavam o gramado como um céu invertido, a banda tocava sucessos antigos misturados com sertanejo universitário para agradar todos os convidados, e o bar aberto fluía sem parar: champanhe Veuve Clicquot, caipirinhas de frutas premium, uísque 18 anos. Tudo corria perfeitamente, como Isabella planejara. Ninguém parecia notar as rachaduras por baixo da superfície — ou, se notavam, preferiam ignorar.

Sofia havia perdido a conta das taças. Primeiro foi só para acalmar os nervos depois da cerimônia. Depois para não pensar no irmão posando para fotos com aquela aliança no dedo. Depois porque Lucas trouxe mais uma, e mais uma, dizendo baixinho “só pra passar o tempo até a gente poder sair daqui”. O álcool subiu rápido — ela não era de beber tanto — e o mundo começou a ficar mais leve, mais borrado nas bordas.

Lucas ficava ao lado dela o tempo todo, discreto, mas protetor. Conversava com ela sobre qualquer coisa: a