Rafael Almeida, agora oficialmente casado, sentou-se sozinho na varanda da suíte nupcial enquanto a festa ecoava lá embaixo — risadas distantes, música alta, taças tilintando. Isabella estava no salão principal, dançando com o pai e os amigos da família, provavelmente contando histórias de como eles se conheceram. Ele havia escapado com a desculpa de "precisar de ar fresco". Na verdade, precisava de espaço para pensar. Para lembrar.

O uísque na mão dele era o terceiro da noite, mas o álcool não apagava as memórias. Elas vinham em ondas, como sempre aconteciam quando a pressão era demais. Ele fechou os olhos e deixou o passado invadi-lo, como um filme antigo que ele conhecia de cor.

Tudo começara na infância, no Jardim Europa, mas não na mansão luxuosa que Sofia lembrava. Não, antes disso. Quando Rafael tinha 10 anos, a família morava em um apartamento modesto no Morumbi — confortável, mas longe da elite. O pai, Carlos, era um corretor imobiliário em ascensão, cheio de sonhos grandes e