A casa no Jardim Europa estava quieta naquela noite de segunda-feira, o tipo de silêncio que vem depois de um fim de semana explosivo. Helena havia passado o dia tentando se ocupar: arrumou o jardim, ligou para amigas distantes, preparou um jantar elaborada — lasanha de berinjela, salada caprese e um vinho tinto que Carlos trouxera de uma viagem antiga, antes do vício piorar. Mas os olhos dela estavam distantes, e Sofia sabia que a mãe sentia que algo grande havia mudado.
Às sete em ponto, a campainha tocou. Sofia abriu a porta para Lucas, que trazia o notebook na mochila e uma garrafa de vinho branco como contribuição.
— Pra não chegar de mãos abanando — disse ele, com aquele sorriso torto.
Helena apareceu no hall, limpando as mãos no avental.
— Você deve ser o Lucas. Sofia falou de você. Entre, entre. O jantar tá quase pronto.
Lucas cumprimentou com educação, beijou a mão de Helena — gesto que a fez sorrir pela primeira vez em dias.
— O prazer é meu, dona Helena. O cheiro está incrí