(Eduardo)
A noite em Paris parecia feita para colocar meus pensamentos em guerra. Do lado de fora, as luzes da cidade invadiam o quarto do hotel pelas enormes janelas envidraçadas. Refletiam nas paredes, espalhando brilhos dourados que dançavam no teto e me lembravam, a cada instante, de onde eu estava. Paris. A chamada cidade do amor. Uma ironia cruel para alguém que já não acreditava nele.
Lua estava de pé na varanda, os braços apoiados no parapeito, olhando a Torre Eiffel iluminada como se fosse um farol pessoal. O vento leve balançava os fios de cabelo soltos, que caíam como uma cascata escura sobre os ombros. A camisola simples que usava parecia ingênua demais para o efeito que causava em mim. Não sabia se ela tinha consciência do quanto me provocava apenas por existir assim, desarmada, com aquela beleza que se recusava a ser ignorada.
Respirei fundo, tentando ordenar as palavras que ensaiava há dias, e que ainda assim me pareciam afiadas demais.
— Lua… precisamos conversar.
Ela