Ele tentou se aproximar, mas ela ergueu a mão, como se o toque dele fosse veneno. — Não! — gritou. — Vai embora! Me deixe em paz, Alexander! Você não tem mais lugar na minha vida.Muito menos na vida do MEU FILHO. Alexander a olhou por longos segundos. Depois, passou a mão pelos cabelos, tentando se recompor. O olhar voltou-se para o chão, como se carregasse o peso do mundo. — Eu vou embora — murmurou enfim. — Mas isso não acabou, Liz. Nós vamos conversar… cedo ou tarde. Porque eu te amo. Porque… eu não desisti de nós. Ela não respondeu. Apenas virou de costas, tentando conter as lágrimas, os ombros trêmulos. Alexander deu mais um passo atrás, a alma aos pedaços, e saiu do café sem olhar para trás. O sino tilintou novamente. Mas dessa vez, soou como um fim. Liz ainda estava sentada no canto da cozinha, tentando conter o choro que insistia em escapar, quando a porta se abriu devagar. — Liz? — a voz firme e gentil de Dona Ana encheu o ambiente. A mulher, de seus cinq
Ela recuou um passo, instintivamente protegendo a barriga com as mãos, os olhos faiscando de emoção e medo. Alexander caminhou até o sofá com a tranquilidade de quem conhecia cada canto daquele lugar. Tirou a jaqueta escura que usava, revelando a camisa branca justa que colava ao seu corpo forte. Sentou-se com naturalidade, cruzando uma perna sobre a outra e olhando para ela com uma intensidade que a fez estremecer. — Você está mais linda do que nunca, Liz… — murmurou, os olhos percorrendo cada curva visível de seu corpo coberto apenas pela camisola fina. _Tentadora como sempre. Ela respirou fundo, tentando ignorar o calor que subia por sua pele. — Já que você disse que tem algo pra me dizer… — ela cruzou os braços sobre o peito, como uma tentativa de armadura. — Eu também tenho. Alexander arqueou uma sobrancelha, curioso. — Eu vou visitar a Adélia. Vou vê-la sempre que eu puder, e quero deixar claro que só irei quando você não estiver em casa. Só quero garantir que ela fique
O silêncio entre eles era denso, quase palpável. O coração de Liz martelava no peito com uma força que a fazia tremer. A proximidade de Alexander era avassaladora. Ele estava ali, tão perto, tão real… E tão irresistível. Ela tentou manter o controle, manter a armadura, mas o olhar dele a despia mais do que sua camisola colada ao corpo jamais poderia. — Alexander... — sussurrou, tentando parecer firme. — Não adianta me mandar embora, Liz — ele respondeu, a voz baixa e rouca. — Você não quer que eu vá. — Quero sim... — mentiu, mas até ela mesma duvidou das próprias palavras. O toque dele em sua barriga foi leve, reverente, como se tocasse algo sagrado. E aquilo partiu o pouco de resistência que restava nela. Ainda assim, ela tentou escapar, recuar um passo, mas não havia mais para onde ir. Estava encurralada entre a parede fria e o calor do corpo dele. — Por que está fazendo isso? — ela murmurou, a voz embargada, os olhos marejados. — Porque eu não aguento mais de saudades de v
Alexander hesitou. Por um instante, parecia que não aceitaria. Mas então, com um suspiro longo e resignado, ele assentiu. — Tudo bem. Amanhã cedo mando um carro buscar você. Espero você na mansão. Ele se aproximou, como se fosse beijá-la de novo, mas Liz virou o rosto, fria, determinada. — Boa noite, Alexander. Relutante, ele saiu. Liz fechou a porta atrás dele com as mãos trêmulas. Só quando ouviu seus passos sumirem no corredor, desabou no chão. Chorou, mas não por arrependimento. Chorou por raiva. Por dor. Por ainda ama-lo ,apesar de tudo ,mas não ia voltar a viver com ele desconfiando dela como sabia que ele desconfiava e ainda mais com ele duvidando que o filho que espera é dele ,mesmo que ela tenha mentido para ele ,mas desde o começo ela sempre esperou que ele acredita-se que filho que espera é dele. Ela sabia o que precisava fazer. Levantou-se como se um peso a empurrasse para baixo. Sabia que se não fosse naquela hora, não teria coragem. Era agora ou nunca. Corr
Ele respirou fundo, mas ainda assim não disse nada. Era impossível negar. Dona Ana estreitou os olhos. — O senhor errou. E feio. Porque aquela menina te ama. Bastava ter dado o que ela esperava de você: amor. Confiança. Ela te entregou o coração, e você devolveu com desconfiança e controle. Alexander abaixou o olhar. Aquilo doía mais do que qualquer acusação formal em tribunal. — Vai nos expulsar daqui agora? — ela perguntou, erguendo o queixo, desafiadora. Ele balançou a cabeça devagar. — Não. Não vou. Pelo contrário… estou doando este lugar para vocês. Em agradecimento. Dona Ana o encarou, surpresa. Antes que pudesse responder, a porta se abriu. O advogado de Alexander entrou, trazendo uma pasta de documentos em mãos. — Está tudo aqui — disse, entregando o envelope a Alexander . — A transferência oficial do imóvel para o nome da senhora Ana e do senhor José. Alexander assinou ali mesmo, diante deles. E então, como se o peso aumentasse, sentou-se em uma das cadeiras do salã
A luz do sol atravessava as frestas da cortina pesada do quarto. O relógio marcava quase onze da manhã quando Alexander abriu os olhos, a cabeça latejando como se martelassem seu crânio por dentro. Ele gemeu, levando a mão à testa. Estava tonto. A garganta seca. O gosto amargo do uísque ainda presente. Mas o que realmente fez seu corpo congelar foi a sensação de algo — ou alguém — ao seu lado. Virou-se lentamente… e o mundo parou. Tamara estava deitada nua ao seu lado, os cabelos soltos sobre o travesseiro, os lençóis levemente abaixados, revelando parte dos seios. O lençol, manchado de sangue. Alexander piscou, descrente. O coração acelerando. — O que... — murmurou, se sentando bruscamente, puxando os lençóis para cobrir o próprio corpo. — O que diabos é isso? Tamara acordou "lentamente", encenando surpresa e timidez. Cobriu o peito com o lençol e sussurrou: — Bom dia... Achei que tinha apenas sonhado ,mas agora eu sei que dói verdade os momentos lindos que comparti
Elizabete Vasconcelos — ou simplesmente Liz, como todos a chamavam — vagava pelas ruas de São Paulo como uma alma penada, com o corpo frágil coberto por roupas sujas e os pés descalços e feridos. A fome queimava seu estômago, a sede ressecava sua boca, e o frio da madrugada cortava sua pele como lâminas. Mas nada doía mais do que a rejeição. Nada era mais cruel do que ter sido jogada no mundo por aqueles que deveriam amá-la incondicionalmente.Filha única de uma família rica e tradicional, Liz crescera sob a vigilância implacável de dois carrascos: sua mãe, uma fanática religiosa obcecada pela aparência de santidade, e seu pai, um ex-sargento do exército, severo, inflexível e completamente insensível a qualquer emoção.Seu “pecado”? Ter engravidado aos 19 anos. Uma gravidez que nem sequer foi desejada. Um acidente. Um deslize cometido em um momento de ingenuidade com o homem que jurava amá-la. Lúcio.Eles tinham usado preservativo. Mas estourou. E com ele, estourou também a ilusão de
Ela cambaleava como um fantasma à deriva, um vulto perdido entre buzinas, luzes de farol e vitrines iluminadas que contrastavam cruelmente com sua escuridão. A cidade estava viva. Mas ela… estava morrendo.Tinha perdido tudo.O amor. A dignidade. O respeito. E agora… seu bebê.— Por favor… alguém… — murmurava, a voz arrastada, sumida pelo vento. — Me ajuda…Mas ninguém parava.Até que, ao tentar atravessar uma avenida movimentada, suas pernas falharam de vez. O som de pneus cantando no asfalto, o grito de um motorista, uma buzina estridente.E então, escuridão.Mas antes de desmaiar, seus olhos ainda conseguiram captar um único detalhe.O rosto dele.Tão irreal que por um instante achou que fosse a própria morte em forma de anjo.Olhos intensos, azul profundo como o céu antes da tempestade. Cabelos escuros, molhados pela chuva, grudando na testa. Maxilar marcado. Sobrancelhas contraídas em preocupação. Ele era o homem mais lindo que Liz já vira — e o último que imaginou que veria naqu