Laís
A semana começou com o ar diferente. Não era só a sensação de alívio após a visita com a diretora; era como se algo tivesse florescido de verdade. E não demorou para termos prova disso. Na frente da ONG, uma das mudas de ipê-amarelo, plantada meses atrás, amanheceu coberta de flores tímidas. Pétalas amarelas que cintilavam ao sol, como se fossem pequenas tochas. Gabriela foi a primeira a ver e correu para avisar.
— Gente! O nosso ipê tá se exibindo! — gritou, com o celular em punho. Fotografou de todos os ângulos, suspirando como se tivesse encontrado poesia em forma de árvore.
Rafaela não perdeu a chance. — Até a natureza está apaixonada. Aposto que daqui a pouco brota coração no tronco. — Todos rimos, mas havia algo verdadeiro naquela leveza.
Anotei no meu caderno: “Flores também são provas, só que mais silenciosas.”
***
Eduardo
Naquele mesmo dia, a leveza ganhou sombra. Enquanto organizávamos materiais no depósito, ouvi Rafaela cochichar com Gabriela no corredor.
— Eu juro que