Laís
A sexta amanheceu com um céu limpo que parecia tirar sarro do meu estômago embrulhado. Eduardo já estava de pé quando abri os olhos, com a camiseta amarrotada da madrugada de trabalho e os olhos atentos demais para o horário. Na mesa, o laptop mostrava a miniatura de um vídeo pausado: crianças plantando mudas, mãos sujas de terra, risos. Ele passou a mão no cabelo, respirou fundo e disse:
— Hoje a gente precisa entregar mais do que arquivo. A gente precisa entregar confiança.
Assenti em silêncio. Fiz café com canela, encostei a caneca nas mãos dele, e por um instante ficamos só olhando o vapor subir, como se desse para ler o futuro ali.
Na ONG, a energia estava elétrica. Nanda reuniu todo mundo na sala grande, as cadeiras formando um semicírculo.
— Sem rodeios — começou. — A apresentação de hoje pode segurar ou soltar um fio importante da nossa rede. A escola Caiapó ameaçou sair, e outras observam. Vamos com consistência, não com promessa.
Gabriela sentou ao meu lado e apertou mi