Laís
Os dias seguintes à declaração pública de Eduardo foram como um clarão atravessando a cidade. Alguns sorriram para nós na rua, desejando felicidades; outros desviaram os olhos como se fôssemos escândalo. Na ONG, o clima oscilava entre respeito e cochichos. Clara não disfarçava o incômodo. Na primeira oportunidade, deixou escapar diante de colegas:
— Relações públicas sempre aceleram projetos, né? Principalmente quando misturam cama e papelada.
Senti o estômago embrulhar. Gabriela interveio na hora:
— O único atalho aqui é trabalho duro. E nisso, a Laís tem de sobra.
Rafaela ajeitou o cabelo e soltou, sem perder o sorriso:
— Inveja dá rugas, Clara. Melhor cuidar da pele.
Mesmo com as defesas, as palavras machucavam. Parecia que, quanto mais luz entrava, mais feridas se abriam.
***
Eduardo
Tentei manter o foco no projeto, mas as pressões aumentavam. O pai de Clara “revisou” reuniões que já estavam alinhadas com a ONG, alegando ajustes orçamentários. Felipe, por sua vez, ci