Laís
O domingo amanheceu com cheiro de bolo de fubá vindo da cozinha de Tia Zuleica. A mesa já estava posta quando desci: pão caseiro, café forte, frutas frescas. Era como se cada detalhe quisesse lembrar que eu estava em casa, ainda que meu coração vivesse dividido entre a leveza e a inquietação.
Eduardo chegou pouco depois, trazendo um sorriso tímido e uma garrafa de suco natural. Cumprimentou a tia com respeito, quase reverência, e sentou-se ao meu lado como se fosse o lugar dele desde sempre. O olhar de Zuleica denunciava tudo: ela já sabia. Com olhos bondosos e sábios, apenas serviu mais café para nós dois e comentou:
— Quando a vida junta duas pessoas de novo, não é acaso. É propósito.
Eu corei, e Eduardo apenas apertou minha mão sob a mesa. O silêncio cúmplice entre nós foi mais forte do que qualquer palavra.
***
Após o café, Rafaela apareceu trazendo seu jeito barulhento.
— Ahá, peguei vocês no flagra do romance de novela! — disse, rindo alto. — E aí, Eduardo, já tá ensa