Victor não voltou pra casa. Nem pra escola. Nem pro mundo que o pai construiu em torno dele.
A coletiva aconteceria em menos de uma hora. Os canais já anunciavam: “Empresário Marcos Aguiar revelará ações estratégicas da Aguiar Group e esclarecerá rumores envolvendo seu filho”. Ou seja: ele faria da verdade uma narrativa conveniente. Iriam me apagar. Iriam apagá-lo. Isabela assistia à chamada com o peito em combustão. O desejo por Victor ainda queimava sob a pele — cada lembrança pulsava com a força de um vício. Mas não era só isso: agora havia ódio. Medo. E uma urgência feroz de reagir. Então ele apareceu. A janela do quarto se abriu num estalo. Victor pulou dentro como um ladrão desesperado por um último roubo de paz. — Você viu a coletiva? — ele perguntou, ofegante, ensopado de chuva e paranoia. — Está em todos os canais. — Eu consegui. A gravação. Uma cópia extra, blindada. El