Capítulo 2 – O Contrato Mais Insano da Minha Vida
— Você... quer se casar comigo? A frase saiu da minha boca como se eu estivesse tentando entender um enigma egípcio. Dante Vasconcellos assentiu com naturalidade. Como se tivesse me convidado para uma reunião. Ou para morrer. — Exatamente. — E... por quê? Ele andou até a mesa, puxou uma pasta de couro e a abriu, revelando folhas perfeitamente alinhadas. Um contrato. Um contrato de casamento. Porque claro, o que mais um CEO bilionário faria numa segunda-feira de manhã? — Meu avô, fundador da empresa, deixou uma cláusula no testamento: para que eu continue com o controle da Vasconcellos Corp, preciso estar casado por, no mínimo, um ano. Arregalei os olhos. — Isso é sério? — Tudo que eu faço é sério. — Ele me lançou um olhar direto, afiado. — Já recusei pretendentes falsas, modelos interesseiras e socialites desesperadas. Quero alguém discreta, que não complique minha vida. E você é... surpreendentemente funcional, apesar do incidente com o café. — Ah, que honra. — murmurei, cruzando os braços. — Em troca, terá um salário mensal, um apartamento com tudo pago, ajuda médica para sua avó, e... claro, a liberdade de sair após um ano com sua conta bancária cheia. Minha mente girava em espiral. Minha avó precisava de remédios caros. A faculdade estava atrasada. Meu aluguel estava a um fio de virar despejo. Mas… me casar com um homem que mal sabia sorrir? — E se eu recusar? — Não vai. — Ele respondeu com tanta certeza que me deu raiva. — Arrogante! — Realista. Me levantei, pegando minha bolsa. — Preciso de um tempo para pensar. — Você tem até amanhã, às oito da manhã. E mais uma coisa, Helena… — O quê? — Caso aceite, sua vida deixará de ser sua. Por um ano, você será minha esposa. Oficialmente. Na frente da imprensa. Da sociedade. Do mundo. Nada de escândalos. Nada de sair por aí flertando com advogadinhos de RH. Eu o encarei. — Está com ciúmes, senhor Vasconcellos? Ele sorriu de canto. — Ciúmes é para quem sente. Eu controlo. Você vai entender. --- No apartamento de Beatriz – Mais tarde — ELE QUER O QUÊÊÊ?! Beatriz quase engasgou com o suco de maracujá, derrubando metade no tapete. — Casamento. Falso. Um ano. Um contrato. Um CEO lunático. — Helena, isso não é novela da TV! Isso é a vida real! E na vida real, CEOs não oferecem casamento por contrato. Eles ignoram a gente no elevador! — Eu sei! — gritei, andando de um lado para o outro. — Mas... Bia... ele ofereceu pagar o tratamento da vovó. Todo. Mais moradia. Mais faculdade. Eu tô surtando. — E você vai aceitar? — Eu não sei! Ela me olhou com olhos arregalados. — Você já tá com aquele olhar... — Que olhar? — O olhar de "vou entrar num casamento fake com um homem perigoso e sexy e provavelmente me apaixonar no processo". — Para, Bia! — Tarde demais. Você tá ferrada. --- Na manhã seguinte, às 7h58... Eu estava de pé em frente à sala dele. Com a mão tremendo. Com o coração martelando. E com a decisão mais maluca da minha vida tomada. Bati à porta. — Entre — disse a voz firme lá dentro. Abri. Encarei Dante, que já esperava com o contrato em mãos. — Então? — ele perguntou, erguendo a sobrancelha com seu típico olhar de superioridade. Engoli em seco. — Onde eu assino? Ele sorriu. Pela primeira vez. Lento. Perigoso. Como se tivesse acabado de vencer um jogo. — Bem-vinda ao inferno, senhora Vasconcellos. ---