A estrada sinuosa que cortava os Alpes parecia ter sido desenhada para desorientar o tempo. Neve delicada caía sobre os galhos das árvores altas, e o mundo parecia ter sido envolvido por um manto branco de silêncio. Isadora olhava pela janela do carro preto, os olhos fixos no horizonte, como se buscasse uma resposta que não ousava formular. Ao lado dela, Lorenzo dirigia com uma mão no volante e a outra apoiada casualmente na perna dela. O gesto era natural demais para ser inofensivo.
— Não estamos fugindo, coelhinha. Estamos nos permitindo respirar.
Ela não respondeu. Ainda não conseguia processar como, em tão pouco tempo, ele havia se infiltrado não apenas na sua rotina, mas nas suas entranhas emocionais. O chalé apareceu após uma curva fechada: madeira escura, vidraças amplas, lareira acesa visível do lado de fora. Um refúgio cuidadosamente preparado. Claro que Lorenzo escolheria algo assim.
Assim que desceram, o frio cortou seu rosto e ela puxou o casaco para mais perto do corpo. L