Capítulo 19 – Aurora
O som dos passos firmes ecoou pelo corredor até que a porta lateral se abriu de uma vez. Não precisei olhar para saber quem era. O perfume inconfundível de jasmim, forte mesmo na manhã fria, denunciava sua presença antes que sua voz cortasse o ar como uma lâmina.
— Eu sabia! — a frase saiu carregada de veneno, mas também de uma estranha satisfação. — Tinha certeza.
Meu corpo inteiro congelou. Era como se eu tivesse criado raízes no jardim e elas me prendessem ao chão. Vicenzo, por outro lado, manteve-se firme, imóvel, com o peito erguido como um soldado diante da batalha.
Glória fechou a porta atrás de si e nos fitou com aqueles olhos duros, acostumados a controlar, a exigir, a ditar cada detalhe da vida de todos à sua volta. Mas, para minha surpresa, não havia explosão. Não havia escândalo. Havia um misto de reprovação e, ouso dizer, até alívio.
— No fundo eu já esperava, Vicenzo — disse ela, erguendo o queixo. — Depois do que aquele seu irmão aprontou… pelo meno