Capítulo 17 – Aurora
Tranquei a porta do meu quarto na noite anterior, girando a chave com cuidado. Um gesto simples, mas que me deu algum conforto. Precisava daquele espaço, daquele silêncio que me permitisse pensar sem sentir os olhos de Vicenzo queimando minha pele a cada instante.
Na manhã seguinte, fui eu quem colocou a mesa do café da manhã. Cada xícara, cada prato, cada talher parecia carregar mais tensão do que alimento. O ar estava pesado antes mesmo de qualquer palavra ser dita.
Glória entrou primeiro, de roupão impecável, ainda abatida pelo ocorrido na madrugada, mas com a postura que sempre a caracterizou: cheia de si, controladora. Henrique já estava sentado, firme, o olhar desafiador, como se recusasse a se curvar diante das manipulações da mãe.
— Não vou me sentar — disse Glória, a voz firme, fria. — Não tenho por que compartilhar a mesma mesa de quem me envergonha.
— Essa casa é tão minha quanto sua. Se alguém não quiser sentar, que seja você. — Henrique não se int