209. Nenhum minuto de paz
Lúcia Mendes Donovan
Algumas semanas depois
“Trinta e duas semanas, mamãe. Estamos quase lá.”
A médica sorriu, ajustando o ultrassom enquanto eu apertava os dedos de Nate, que estavam entrelaçados aos meus. Aquele gel frio na barriga já não me assustava mais, mas a expectativa sempre fazia meu coração acelerar.
A tela iluminou o consultório e, de repente, lá estava. O bebê. Nosso bebê. Movendo-se preguiçoso, como se posasse de propósito para nós.
“Olha isso, chaveirinho…” Nate se inclinou, os olhos grudados na tela. “Esse narizinho é igual ao seu.”
Revirei os olhos, mesmo sorrindo. “Claro que é. Você sempre quer puxar tudo pra mim. Daqui a pouco vai dizer que até a teimosia é minha.”
“É, não é?” O médico riu baixo, acostumado com pais emocionados. “Batimentos cardíacos ótimos, fluxo perfeito, placenta saudável. Está tudo dentro da normalidade. Samuel é um menino completamente saudável.”
O som do coraçãozinho ecoou pela sala. Aquele tamborilar rápido, firme, que parecia música. Fechei