O dia seguinte trouxe com ele um sol tímido, filtrado por nuvens que ainda ameaçavam, mas não se atreviam a deixar a chuva cair novamente. Clara se sentia como o céu: inconstante, mas com a esperança de que o dia poderia se transformar em algo melhor, algo mais claro. Ela ainda estava envolta nos pensamentos do dia anterior, mas já conseguia respirar com mais tranquilidade. O espaço para reflexão tinha lhe dado algum alívio, mas também deixado uma série de novas questões. Após o café da manhã, Clara decidiu sair para caminhar. Ela precisava de mais tempo sozinha, longe das expectativas da família, longe de Gabriel, longe de tudo o que a fazia se sentir perdida. Era hora de se reconectar com ela mesma. Quando saiu de casa, o ar fresco e levemente gelado lhe tocou a pele e, por algum motivo, isso fez Clara se sentir mais viva. Ela sempre fora alguém que se sentia presa às suas responsabilidades, à figura que os outros viam dela. Era hora de se libertar dessa imagem que ela nem sempre r
O vento ainda soprava com intensidade quando Clara voltou para casa, com as palavras do homem desconhecido reverberando em sua mente. A sensação de alívio, ainda que temporária, estava latente. Ele tinha razão: ela não estava sozinha e, acima de tudo, não precisava continuar sendo refém das escolhas feitas por outros, mesmo que fosse algo tão complexo como um casamento forçado. Ao entrar em casa, o ambiente estava tranquilo, mas Clara sentia que a pressão de sua decisão estava apenas começando a se intensificar. As paredes da casa pareciam ter se estreitado ao redor dela, como se a casa soubesse que sua escolha estava prestes a mudar tudo. Ela subiu para o seu quarto e olhou pela janela, sentindo os primeiros raios do sol da tarde aquecerem seu rosto. Sua mente ainda estava turva, mas o que ela sabia era que não podia mais continuar nesse impasse. Gabriel, o noivo, ainda não estava em casa. Ele tinha uma reunião com investidores, e Clara sabia que ele estaria ausente por algumas hor
A manhã seguinte chegou mais cedo do que Clara esperava. Ela não havia dormido bem, suas preocupações continuavam a consumir seus pensamentos, e o peso das decisões que se aproximavam se tornava insuportável. O sol, que começava a despontar no horizonte, parecia iluminar tudo ao seu redor, mas a escuridão que ela sentia dentro de si não se dissipava. O que parecia uma escolha simples de fazer—ou pelo menos uma escolha que poderia ser tomada facilmente—agora parecia se desdobrar em inúmeras possibilidades, e Clara não sabia qual direção tomar. Ela sabia que deveria enfrentar o problema de frente. Não poderia mais se esconder ou adiar decisões. Seu casamento com Gabriel estava marcado para daqui a poucas semanas, e os preparativos já estavam em andamento. Ela sentia o olhar de sua mãe sobre ela, repleto de expectativas, e o silêncio do pai, que parecia tão perdido em suas próprias crises financeiras que não era capaz de lhe dar conselhos. Todos ao seu redor esperavam que ela seguisse o
O dia continuou a se arrastar, e Clara sentia como se o tempo estivesse se arrastando mais lentamente do que nunca. Cada minuto que passava parecia ser uma eternidade, e ela sabia que, ao final da tarde, teria que tomar uma decisão. Ela ainda não sabia como iria fazer isso, mas sabia que precisava dar um passo. Não podia mais ficar apenas em um estado de indecisão. Não sem consequências. O telefone de Clara tocou enquanto ela estava na varanda da casa, tentando pensar no que fazer a seguir. Era Gabriel. Ela hesitou por um momento antes de atender. — Oi, Clara — disse a voz dele do outro lado da linha, fria e controlada, mas com um toque de preocupação. — Como você está? Já tomou alguma decisão? A palavra "decisão" ecoou na mente de Clara como um lembrete cruel de que ela tinha que escolher entre sua família e seus próprios sentimentos. Mas ela não sabia como explicar isso para ele, ou pior ainda, como justificar suas incertezas. — Eu... ainda estou pensando — disse Clara, tentando
A noite havia caído quando Clara entrou no seu quarto, exausta física e emocionalmente. O peso da escolha que pairava sobre ela parecia ainda mais pesado no silêncio da escuridão. Ela fechou a porta com cuidado e se dirigiu para a janela, observando as luzes da cidade lá fora. Ela nunca imaginou que sua vida chegaria a esse ponto. A decisão estava diante dela, uma escolha que envolvia sua própria felicidade, sua família, seus princípios... e um homem que, de alguma forma, fazia seu coração bater mais forte. Mas, por mais que Rafael fosse uma presença reconfortante e verdadeira, a realidade de seu mundo, o mundo de Gabriel, de sua família e de seu dever para com eles, não a deixava em paz. Ela não podia simplesmente ignorar tudo o que estava em jogo. A sua própria vida, a de seus pais, a estabilidade que o casamento com Gabriel traria... mas, por outro lado, estava ali também o que ela sentia por Rafael, uma chama escondida que se recusava a se apagar. O celular de Clara vibrava na m
O relógio na parede parecia fazer os segundos passarem mais devagar. Clara sentia o peso do tempo, como se cada segundo que ela deixasse passar sem tomar uma decisão a empurrasse mais para o abismo de sua própria indecisão. Ela havia passado os últimos dias tentando processar tudo o que estava acontecendo, mas as escolhas que se impunham sobre ela pareciam apenas crescer em complexidade. Ela sabia que, de certa forma, sua vida já havia sido decidida para ela. O contrato com Gabriel era mais do que um simples acordo entre famílias, era uma maneira de manter a estabilidade de sua casa. Seu pai, cada vez mais afundado em dívidas, não tinha outra saída senão aceitar a ajuda de Gabriel, mesmo que isso significasse abrir mão de sua filha. Gabriel, com sua atitude calma e controlada, tinha sido implacável em sua proposta, afirmando que um casamento entre ele e Clara seria a salvação para a empresa e para a família. Mas o preço desse casamento era claro: Clara teria que dar a ele a sua vida,
A manhã seguinte chegou com um céu cinza e um ar denso de incerteza. Clara acordou antes do alarme, como se soubesse que aquele dia não seria como os outros. Ela sentia algo no ar, uma pressão que a envolvia desde o momento em que abriu os olhos. A decisão que ela havia adiado por tanto tempo parecia ter chegado, e ela não sabia como lidar com isso. Sentia-se presa em uma teia de expectativas, mentiras e promessas que nunca fez, mas que agora precisava cumprir. O dia começou com a rotina habitual, mas tudo parecia diferente. Ela tentou focar no que estava acontecendo ao seu redor, tentou se concentrar nas tarefas diárias, mas não conseguia afastar o pensamento sobre a conversa que teria mais tarde com Gabriel. O jantar de ontem havia sido apenas o começo de algo que ela sabia que não poderia evitar. O que quer que ele tivesse em mente, ela precisava descobrir, porque, no fundo, ela já sabia que estava se afastando de sua própria verdade. Clara desceu as escadas e encontrou sua mãe n
A noite havia caído quando Clara voltou para casa. As luzes da cidade brilhavam através da janela do carro, mas nada parecia trazer conforto. O que havia acontecido naquele restaurante ainda estava fresco em sua mente, a tensão com Gabriel, o peso de suas palavras que a perseguiam, e a pressão crescente sobre suas escolhas. Ela estava perdida em seus pensamentos, e o vazio no peito parecia ser o único companheiro constante.Quando entrou em casa, os sons familiares a receberam. A cozinha estava iluminada, e sua mãe ainda estava lá, mexendo em algo no fogão. Seus irmãos estavam na sala, rindo e conversando sobre algo trivial. Tudo parecia tão... normal. Como se nada tivesse mudado. Mas Clara sabia que sua